PAU PURO
Por aqui, como nem sempre mataremos a cobra, eventualmente mostraremos o pau.
Por onde andam os repórteres e editores do noticiário policial?
Tenho mais ou menos 46 anos de profissão dos quais 41 sem férias de 30 dias. Por quê? Porque sobravam dias e faltava grana, sem contar trocas de empresa, cargos, funções, assessorias, demissões e readmissões que enchem quatro carteiras do trabalho.
A partir de 1968 encarei profissionalmente o Diário Popular, levado pelo imbatível Clayr Rochefort, onde aprendi a cumprir pauta e procurar notícia diária como repórter de polícia.
Hoje, com o reinado dos computadores, me parece que as delegacias de polícia e suas histórias, o trabalho dos policiais civis e militares, a estrutura municipal, estadual e federal de segurança – importantíssima – estão relegadas a um limbo injustificável.
Este abandono de jornalistas e veículos de comunicação deixa sem informação todas as classes da população e a polícia como um todo. Há um tratamento de não-importância induzida ao fato policial. De quem parte este comando? De quem comanda as redações e editorias dos meios de comunicação? Dos diretores? Dos acionistas? Dos leitores? Do presidente da Liga Náutica?
Notícia policial não é baixaria, é um lado real, duro e muitas vezes sangrento do dia a dia das cidades que muitas vezes fazemos de conta “... que não interessa”.
Este faz-de-conta só muda quando a violência nos alcança. Mesmo sabendo que utilizo um clichê quero dizer que o drama das ruas, as histórias de polícia aí estão, a espera de seus cronistas, setoristas, analistas, editorialistas, especialistas e outros “istas”.
Ao virar as costas para as policias civil e militar, as delegacias, os quartéis, a seleção e formação profissional dos chamados “homens da lei” e mais o funcionamento da estrutura que os ampara – ou deveria amparar... – no desempenho da missão, ignoramos a primeira vitrine da falta de educação, saúde, emprego e, no frigir dos ovos, a própria segurança pública.
A ferida abriu. Não adianta band-aid. Se eu fosse um cantor de funk cantaria o refrão "tá tudo contaminado". (Roma, outubro de 2008).
RODAPÉ / MEIO ENTRELINHAS – Teve um cara outro dia, acho que foi um interino da OAB, não dou como certo, que matou a pau. Sei lá quem foi, mas de qualquer maneira era um cidadão acima de qualquer suspeita e tão importante como e quanto deve ser nessa vida o sujeito oculto da frase - só que não recordo o nome dele. O profeta contemporâneo falou e disse: “O Brasil não tem liberdade de imprensa: tem liberdade de empresa”!
Diário Popular - Velho jornal gaúcho, de Pelotas - Capital Brasileira do Doce.