O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

20 de out. de 2008

L'OSSERVATORE PIANÍSSIMO
Carlos Eduardo Behrensdorf *


ANTI-FURO
Esta parte do blog é feita em notória marcha-lenta, não procure um registro em primeira mão. Aqui você encontrará, certamente, um furo na noticia e não um furo de notícia. Portanto, senhoras e senhores concorrentes, relaxem sem gozar (no sentido humorístico, é claro). Afinal de contas, o Estatuto do Idoso me dá respaldo e, pensando bem, o Sanatório da Notícia é um local aprazível para coroas assumidos e futuros e futuras coroas. (Carlos Eduardo Behrensdorf, Roma, Outubro de 2008).


SANTA CROCE
Pois é... doze anos depois e uma hora e meia de EuroStar consigo retornar a Florença para um fim de semana. Valeu como um presente de Natal antecipado. Por algumas horas o reencontro com Botticelli, Donatello, Ghirlandaio, Giotto e ele, Michelangelo.

É uma visita na qual se fala pouco, olhando e reverenciando o legado de gerações inigualáveis, mágicos, loucos, santos e profanos. Não consigo, não quero e não sei para escrever muito. Florença é conhecida de todos aqueles que acreditam na capacidade criativa do Homem.
Mesmo sem querer bancar o enjoado, me atrevo a lembrar aqueles que por lá já estiveram ou ainda pretendem estar, que não esqueçam uma calma passagem pela igreja gótica de Santa Croce, onde estão os túmulos de florentinos famosos como Michelangelo ao lado de Maquiavel e ambos de frente a Galileu Galilei. Para completar, os afrescos de Giotto.



Fico pensado sobre o que conversam os fantasmas quando os turistas vão embora, as portas se fecham e a noite florentina chega. Lá dentro a grandiosidade é tamanha que os turistas fazem silêncio e os japoneses hesitam um pouco sem saber se fotografam ou olham. Na Ponte Vechio as vitrines dos ourives e antiquários faíscam com ouro e prata. Vale a pena olhar e esquecer os preços. Comprar está fora de qualquer cogitação, pelo menos para o turista que viaja com os caraminguás contados.

Os trabalhos em pulseiras de outro e os camafeus são, verdadeiramente, de fazer suspirar. Ouro nós temos muito no Brasil. No entanto, os lapidadores fazem a diferença.
Falando nisso, quando Arnaldo Prieto era o ministro do Trabalho do governo de Ernesto Geisel foram criadas, se não me engano, pelo menos três escolas de lapidadores, uma delas em Goiás, outra no Rio Grande do Sul. A terceira? Não me lembro... Será que ainda existem?

DUOMO
Para completar, não há como deixar de ver a Catedral de Santa Maria Del Fiore, o portão dourado do Batistério que é considerado por muitos como o ponto de partida do Renascimento. Sem falar – mas falando – na Galeria da Academia que guarda o Davi, de Michelangelo.


CIRCULANDO

Há muito brasileiro circulando pelas ruazinhas e praças de Florença. Espanhóis e alemães são figurinhas fáceis, sem falar nos japoneses com suas sempre atuantes e iluminadas máquinas digitais. Confesso que ainda não vi um frenesi fotografante como os dos sorridentes orientais. Como a maioria não está nem aí para a língua do país que visitam, fotografam tudo e todos e – claro – uns aos outros num estourar de flashes sem igual. O que levam de broncas de guardas de museus que cuidam de obras que não podem ou não devem ser fotografadas, não tá no Gibi.

FUTEBOL

Quando o assunto é futebol – italiano e futebol brasileiro – os motoristas florentinos e alguns garçons um pouco mais coroas não esquecem Sócrates, o doutor Sócrates. Sabem como é que ele era conhecido pela torcida da Fiorentina, o time da cidade? Nada mais, nada menos do que “Il tacco de Dio”, ou seja, O calcanhar de Deus. O torcedor é exagerado em qualquer quadrante de planeta quando o assunto envolve o seu time do coração.


(*) Carlos Eduardo Behrensdorf, La Fontana Azzurra.