PAU PURO
Por aqui, como nem sempre mataremos a cobra, eventualmente mostraremos o pau.
Há mais de um ano em Roma começo, finalmente, a ver uma cidade com seus problemas que a tornam humana, apesar da sua condição de Cidade Eterna, Cidade-Monumento, Capital Histórica de uma região que virou o país-fonte das luzes e cores do Renascimento que afugentou a escuridão da Idade Média.
Como sou brasileiro me sinto à vontade para falar sobre o que ocorre com os brasileiros que para cá vieram, em busca de uma vida melhor ou de um sonho que não existe. Procuro entender por que jovens – meninos e meninas – ou até mesmo adultos, se mandam pra cá para sobreviver, a maioria, em subempregos sob uma discriminação diária nas ruas, trabalho (quando conseguem), transportes e as chamadas repartições públicas.
Até o fim do ano usarei as janelas deste Sanatório para mostrar um quadro geral da situação de brasileiros e brasileiras que por aqui se seguram.
Há registros na imprensa em português que circula por aqui de fatos como o que se segue: uma funcionária de uma repartição pública que cuida de imigração abriu o berro um dia desses, reclamando dos brasileiros e argentinos que invadem o país. Loucura.
Em Milão, um empresário que diz adorar o Brasil e sua cultura bateu forte e lamenta que 90% dos brasileiros na Itália são prostitutas e travestis. Eta ferro... (Carlos Eduardo Behrensdorf, de Roma, outubro de 2008).
Estante de livros
Título: Liberdade de Imprensa
Autor: Karl Marx
Tradução: Cláudia Schilling e José Fonseca
Apresentação: José Onofre
Editora: L&PM – Coleção Pocket (texto integral).
A proposta do livro é alcançada ao mostrar o jornalista Karl Marx. Aliás, o autor do século XIX passou aos séculos XX e XXI colecionando adeptos e inimigos, estudos e insultos. Com ele é na base do “Ame-o ou Deixe-o”.
Neste Sanatório sem paredes onde freqüento o pavilhão geriátrico, recomendo: “Leia-o”... Só para adoçar o seu bico resolvi enxertar três períodos mesmo sabendo que a direção-geral não gosta de aspas! Vamos lá. (Carlos Eduardo Behrensdorf, de Roma, outubro, 2008)
- “Uma imprensa censurada é ruim mesmo se produz bons produtos, pois estes produtos só são bons na medida em que eles exibem uma imprensa livre dentro da censurada, e na medida em que não está em seu caráter serem produtos de uma imprensa censurada. Uma imprensa livre é boa mesmo quando produz frutos ruins, pois estes produtos são apóstatas da natureza de uma imprensa livre.”
- “Se a lei da censura quer prevenir a liberdade por ser algo desagradável, consegue o contrário”.
- “A censura transforma todos os escritos proibidos, bons ou ruins, em artigos extraordinários, enquanto a liberdade de imprensa priva todos os artigos de uma importância especial”.
RODAPÉ - Quanto às aspas, a direção-geral não só não gosta, como nunca usou. Já o Sanatório da Notícia não pode dizer o mesmo.