O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

11 de out. de 2008

L' OSSERVATORE PIANÍSSIMO
Carlos Eduardo Behrensdorf
Roma, 10 de outubro


Comentário sem profundidade e
O esforço de um escriba comum
Para entender a crise financeira
A Itália fechou a semana com uma situação considerada preocupante pelo Banco Central Europeu (BCE): o crescimento do nível da inflação e desenvolvimento devagar, quase parando, ou parado, se ocorrer o crescimento zero projetado para este ano. Aqui como aí não faltam analistas, economistas, cientistas políticos, comentaristas, lobistas, vigaristas, governistas, arrivistas, artistas, jornalistas e colunistas todos eles dizendo mais ou menos a mesma coisa, ou seja, um festival de chavões.
A previsão da economia para o ano que vem é um primor: uma gradual moderação. Me engana que eu gosto... Há algumas surpresas para os que pouco sabem, como eu, usar palavras da língua italiana com o seu real significado em português. Por exemplo: por aqui o PIB (Produto Interno Bruto) corresponde ao PIL (Prodotto Interno Lordo). Eu hein! Pensei que fosse outra coisa. Assim, ao invés de trazer análises esclarecedoras apresento somente dúvidas e perguntas ainda sem resposta. Vamos a elas.
Tudo indica que o pacotão de 700 bilhões de dólares montado pela Casa Branca foi parido de acordo com a lógica deste ser indefinido, incorpóreo e sem nome, conhecido popularmente como O Mercado.
O maestro desta sinfonia desafinada é ninguém mais, ninguém menos do que o secretário do Tesouro, Henry Paulson, ex-executivo-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs. Amigos que moram nos Estados Unidos trabalhando em multinacionais me cochicham: a grana socorrerá as instituições financeiras mais afetadas. Isso quer dizer o seguinte: o dinheiro do contribuinte não irrigará a economia e, muitos menos, protegerá as famílias endividadas.
No início da semana, um correspondente brasileiro em Washington informou que a escolha ou seleção das empresas para receber a injeção revitalizadora será terceirizada pela Casa Branca,. Falando claro, será de Wall Street a quem escolha de quanto vai para quem.
Depois de uma estafante leitura de pelo menos seis jornais europeus meus dois neurônios Chitãoró e Xorozinho me indicam que se pode pensar em coisas como as que se seguem:
1. Se os correntistas desconfiarem da solidez dos bancos e correrem para sacar os depósitos provocaria uma nova quebradeira.
2. Os primeiros sinais deste enorme desastre já estão visíveis.
3. Os riscos do chamado contágio internacional são enormes.
4. No Brasil as conseqüências já são sentidas e o Banco Central viu-se obrigado a estimular os grandes bancos a comprar as carteiras de crédito dos médios e pequenos.
5. Tais estímulos ou medidas governamentais de todos conhecidas mostram que os chamados pequenos bancos já enfrentam dificuldades para captar recursos.
6. Apesar da intervenção do Banco Central, o dólar chegou a R$ 2,20.
7. Os governos ao fugir do discurso da sanidade dos mercados desviam dinheiro público às instituições que manipulam e alimentam ao mesmo tempo em que se alimentam destes mesmos mercados
8. Moral da história: ninguém sabe prever pôrra nenhuma de três coisas fundamentais sobre a crise que aí está: duração, profundidade e conseqüências da crise.
Se eles não sabem, imagina eu...

CHAPA BRANCA

No já conhecido estilo adotado por outros blogs melhor aparelhados do que este deficitário Sanatório, apelamos para a falta de mão de obra especializada, no caso esta voz que vos fala, e mergulhamos no maravilhoso mundo da transcrição de press-releases oficiais, os famosos “chapa-branca”.

Vinhos franceses permanecem longe da crise financeira

Paris (ANSA) - O consumo de vinho na França, produto que tem um mercado semelhante ao mercado de ações, com altos e baixos causados pela ação de especuladores, até agora não foi afetado pela crise financeira mundial e alguns analistas financeiros já estão aconselhando a retirada de dinheiro dos bancos para investir em suas adegas.
"Os grandes crus (o nível mais elevado dos vinhos) são sempre procurados porque são raros. A demanda desses produtos é crescente", explicou Christian Roger, que administra marcas de vinhos como Mouton Rotschild e Château-Yquem.
Comprar uma garrafa de vinho em tempos de crise parece tranqüilizar ao menos um grupo de franceses que, assim como colecionadores de obras de arte, sabem que um vinho raro não se desvaloriza com o tempo nem sofre os efeitos de crises financeiras. Em uma recente venda de vinhos em Londres, Angelique de Lencquesaing, fundadora do site de venda de vinhos Idealwine.com, revelou que o preço dos vinhos Bordeaux de 2000 aumentou cerca de 20% após o início da crise.

Para a especialista, os compradores de vinhos deverão ficar atentos porque "os próximos meses oferecerão extraordinárias possibilidades de aquisição e, conseqüentemente, de investimento". Mas se a crise persistir as vinícolas francesas podem acabar sentindo seus efeitos. Segundo especialistas na bebida, porém, os vinhos excepcionais, destilados em poucas horas e armazenado em garrafas especiais em adegas de temperatura e umidade controladas, dificilmente sofrerão as conseqüências.(ANSA).
Rodapé garcianiano - Se alguém desejar me agraciar com um mimo no Natal, não esqueça o nome: Chateau Mouton Rotschild. Merci.

CORDA SOLTA
Enfim, um espaço livre sem nenhuma preocupação com seqüências anteriores ou posteriores.

Uma boa sugestão

O jornalista Mair Pena Neto, da Agência Reuters, recomenda o seguinte: o que ocorre hoje no mundo tem responsáveis com nome, endereço e identidade. Além dos responsáveis pelos tesouros nacionais dos países atingidos os poderes judiciários poderiam sacudir as togas. Para fazer o que? Elementar, meu caro Sérgio Augusto de Oliveira Siqueira: investigando com seriedade como se desenrolou – ou se enrolou – a ciranda enlouquecida dos papéis sem lastro e botando na cadeia seus operadores.