A ORQUESTRA DO SILÊNCIO
A quem poderia interessar, nesses Jogos da China, um mergulho no escuro para um superstar como Clodoaldo Silva, ou uma travada brusca na trajetória de Ádria dos Santos, até então a estrela mais veloz da história paraolímpica brasileira?
Que tipo de indução pode ter sofrido o enorme contingente da mídia brasileira que esteve na China, para que não se desse conta de que, a par de todas as informações revestidas de ouro, prata e bronze, havia o avesso da notícia no ostracismo a que foram relegados Clodoaldo e Ádria - duas das mais brilhantes figuras do Brasil Paraolímpico?!?
Que jornalismo obtuso e desinteressado é esse de não falar nem bem nem mal de quem, há tanto tempo - como esses dois deuses das piscinas e das pistas - vêm abastecendo de boas notícias as páginas de jornais e revistas; as telas de TVs, os espaços de rádio?!?Em que lugar se meteram as mãos que, de Sydney a Atenas e de lá para cá, se estendiam ávidas à cata de pauta e de autógrafos e se contorciam em afagos ao ânimo dos vencedores?!?
O mundo da informação é sim um sanatório da notícia: os repórteres lá na China se deixaram furar por eles mesmos. Esta é a porção tragicômica do abandono de Ádria e Clodoaldo em Pequim: ficou guardado com eles o furo jornalístico que seu isolamento não deixou vir à tona.
Há muito mais do que um simples descuido nessas barrigas jornalísticas: há um obscuro e orquestrado avesso da notícia. O jornalismo bailou lá em Pequim.
O Sanatório da Notícia recebeu de Rafael a seguinte mensagem com relação a esta matéria:" Isso é a famosa politica do interesse, devido a isso deixamos de ser 4º para ser o 9º valeu a pena?".
Oi Rafael, "tudo vale a pena, quando a alma não é pequena". E o Brasil não desceu. Subiu do 14º em Atenas para o 9º lugar em Pequim, entrando no grupo Top Ten mundial.