O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

2 de fev. de 2011

Autoridade Olímpica: pior que tá não fica!

Então tá, faz de conta que a gente é bobo. Faz de conta que a gente acredita que Henrique Meirelles, depois de ter a chave do cofre do Banco Central do Brasil, vai se contentar em ser um mei/reles encarregado-geral da Autoridade Pública Olímpica.

Meirelles, no fundo, no fundo, ainda quer ser grande coisa na História do Brasil. No mínimo, vai querer em 2014 o lugar que Dilma lhe tirou em 2010. Pra isso ele precisa de respaldo; de visibildade e de bufunfa; de bijuja, grana...

Pois Henrique Meirelles vai receber pelo doloroso encargo de dirigir a autarquia do governo que terá mais visibilidade até 2016 - por causa da Copa em 14 e dos Jogos, dois aninhos pra lá - o salário mínimo de R$ 22 mil mensais.

Isso é ajuda de custo para coordenar o planejamento das obras para a Olimpíada de 2016, no redivivo Rio de Janeiro. A Autoridade Pública Olímpica só neste 2011 se refestelará com um orçamento de R$ 123 milhões. Não é nada, não é nada, 10% disso aí daria, se alguém fosse receber por isso, uma tiriricazinha de mais de R$ 12 milhões. Se acha que é pouco, então saiba que até 2016 essa brincadeira de extremo bom gosto está orçada em cerca de R$ 30 bilhões.

É disso que se está falando. Henrique Meirelles, procurado e requisitado pelos maiores conglomerados financeiros do mundo, está de olho apenas no salário público e notório de R$ 22 mil. O mesmo que ganha um presidente de honra do PT ou coisa que o valha.

Meirelles nem de leve ousa mirar a Autoridade Pública Olímpica como uma vitrine descomunal para o reflexo que uma Copa do Mundo vai projetar no País do futebol; nem sequer lhe passa pela cabeça as imagens que o espelho dos Jogos vai refletir até 2016. Deus nos livre e guarde de pecar por pensamentos, palavras e obras de que este seja o melhor caminho para sua candidatura ao Palácio do Planalto daqui a menos de quatro anos rápidos e rasteiros.

Se não chegar a tanto, pelo menos será o vice de Lula que ainda não botou os pés no chão, nem desencarnou da Presidência. Nada mais tão lógico quanto distante do absurdo, posto que o sacrifício que faz Meirelles entregar-se à liturgia de comandar um organismo que oferece hoje nada menos do que 200 vagas sem concurso ao módico salário de R$ 22 mil mensais, lhe foi imposto por Lula que fez Dilma bater o martelo na hora de sua extrema unção.

A martelada foi dada com o maior prazer nos dedos da turma do PCdoB que queria o cargo para o ínclito Orlando Silva. A batida acordou o PT que dormia no ponto, como de hábito faz o mau trabalhador em hora de expediente. Aí, já era tarde, Inês estava morta.

Assim é que, dando uma no prego e outra no dedo, a presidenta livrou o partido de abrir as portas para mais um provável ciclo de escandalos, já que indicaria seus especialistas habituais como Zé Dirceu, Delúbio, Genoino...

O olhar de lince do PMDB viu que havia além do arco-íris, um pote mais cheio, pra lá, bem pra lá do fim do mundo das estatais e dos cargos e encargos que garimpou e arrebanhou na Esplanada. Aí, meus caros, vale a força das leis. Pela Lei da Selva: matou tem que comer; pela Lei do Futebol: quem não faz, toma;  pela Lei da Vida: quem não mata, morre; pela Lei dos Ligeiros: viu primeiro, pega.

Henrique Meirelles, já se vê, é um altruista; um patriota; um monge feito pelo hábito, um franciscano que, se não fez voto de pobreza, quer fazer muitos votos lá adiante. E, ao fim e ao cabo, meio elefante numa sala de cristais, pega o prato frio que reserva àquela por quem morre de amores desde que lhe puxou o tapete na dança da cadeira presidencial.

Diz a turma de Helena Chagas - filha do venerando jornalista Carlos idem - que a indicação de Meirelles foi um mimo de Dilma para Lula que queria, porque queria, compensar Meirelles pela bola nas costas que lhe enfiou, quando preferiu ser sucedido por um poste ao invés de ser trocado por uma chave de cofre.

Em verdade, em verdade vos digo, degradados filhos da mãe do PAC: Henrique Meirelles é autoridade olímpica porque o PMDB quis que ele fosse. É o pulo do gato que o PMDB quer dar agora que já está cansando de ser coadjuvante de tudo que é governo que aparece no Brasil.

Em 2014, Dilma que se cuide. Além de Lula, Meirelles vem aí. A essa altura, cabe só uma observação dessas bem mei/reles calhordas: essa Autoridade Olímpica pior do que tá não fica.