CARTÕES CORPORATIVOS
O Sanatório da Notícia vai cutucar sua memória. Fazer cócegas no seu cérebro. Releia essa velha manchete:
Dos 150 cartões corporativos, o Portal Transparência, site oficial do Governo Federal, só divulgou os dados de 68 cartões.
O escândalo dos cartões corporativos começou em 2008 com denúncias sobre gastos irregulares no uso e abuso dos tais cartões corporativos. Essa perigosa arma foi instituída em 2001 mas só foi engatilhada no ano seguinte sob alegação de dar maior transparência e rapidez aos chamados gastos emergenciais.
O sistema que deveria ser usado para despesas pequenas e urgentes vem sendo abusado na hora de dispensar licitações e dar mimos e regalos aos governistas. Dos 150 cartões corporativos, o Portal Transparência, site oficial do Governo Federal, só divulgou os dados de 68 cartões.
As primeiras denúncias levaram à primeira e única demissão da ministra da Promoção da Igualdade Racial, Matilde Ribeiro, do PT, gastadora-mór da modalidade em 2007. Ela perdeu a boca, mas não perdeu a vez nos quadros petistas.
Orlando Silva, ministro dos Esportes, resolveu devolver aos cofres públicos mais de R$ 30 mil e assim se segurou no cargo. A tapioca que comprou na esquina já teve outro destino.
A denúncia que poderia originar um pedido de abertura de CPI por parte da oposição é a de uso de um cartão corporativo pela filha do presidente Lula, Lurian Cordeiro Lula da Silva que gastou R$ 55 mil entre abril e dezembro de 2007. Mas, isso já entrou na conta de lucros e perdas da indignação popular. Teve até um funcionário do Ministério das Comunicações que chegou a usar o cartão corporativo para reformar uma mesa de sinuca. Ficou pela bola sete e acabou encaçapando a oposição. Continua lá, firme e forte.
Zé Dirceu, o deputado cassado e chefe defenestrado da Casa Civil, além de estar sendo julgado por coordenar o Escândalo do Mensalão, também está sendo investigado por mau uso de cartão corporativo do Governo Federal. Isso, no entanto, é de somenos.
Os cartões corporativos também foram usados para comprar presentes em camelódromos e até para pagar diárias no bom e velho Copacabana Palace; serviram também para comprar ursinhos de pelúcia - artefato indispensável na República dos Calamares.
O Tribunal de Contas da União apurou a emissão e apresentação de 27 notas frias em uma viagem do presidente Lula a um acampamento do Movimento dos Sem Terra no Mato Grosso do Sul. As notas fajutas foram quitadas com cartões corporativos.
No começo de março descobriu-se que um cartão ligado à Casa Civil, comandada por Dilma Roussef foi utilizado para pagar bailarinas para um servidor da Casa, como se ela fosse da Sogra. Pareceu-se na época - só na época - muito mais com uma casa de tolerância.
Outro cartão foi usado na Feira do Paraguai de Brasília - que hoje atende pelo codinome de Feira dos Importados - famosa por vender pirataria. Funcionários da feira disseram que é normal piratas públicos e notórios comprarem MP3 e MP4 para seus filhos e pedirem para registrar o produto na nota fiscal apenas como "material de consumo".
E assim é que, ao dar esta ordem de baixa ao Sanatório, logo se terá o diagnóstico do governo de que aqui só se trata de notícia requentada e antiga. No mínimo, apropriada, para uma internação permanente na Ala de Gereatria.
A gandaia continua. É endêmica. Paciente é que não falta.