Como se não tivessem, escrevem às escâncaras em seus espaços virtuais, tudo aquilo que sempre sussurraram pelos corredores do poder. Tudo aquilo que, simulando passagens em off, segredam aos jornalistas para que editem seus fins nos meios de comunicação.
Têm medo de blog aqueles de rabo preso. Os que carregam nos ombros denúncias de corrupção, mensalão; os sanguessugas, vampiros, aloprados de cuecas sujas e com falsas identidades de guerrilheiros de luxo tipo assim os que se omiziaram em velhos paraísos do Caribe, para fumar charuto, dançar boleros e engendrar ricas pensões por marcas torturantes de band-aid em seus calcanhares.
Esses têm medo de blog. E, uma vez que o descobriram, passaram a usá-lo como instrumento de ataque e defesa a seu bel prazer. O risco agora é que, a exemplo do que fazem com CPIs, sindicatos, movimentos populares, igrejas, organismos de defesa do cidadão ingênuo e crédulo, desmoralizem o instituto do blog e o transformem em objeto de uso pessoal, como fator de enriquecimento ilícito e ferramenta de poder. Comme d'habitude.
A imprensa domesticada - aquela que ruge com o patrocínio desses organismos públicos putrefatos - também tem medo de blog. É justamente esse modelo de jornalismo que pauta seus repórteres para entrevistas ensaiadas com os donos do poder que consagra esse abjeto tipo de fonte como profetas do acontecido, falsos arautos de notícias enjambradas e formadores de opinião da massa ignara submetida ao império do "a bolsa ou a vida".
Notícia boa é só a que sai de suas bocas. A mão do jornalista que tem opinião própria, que não usa cabresto, nem a falsa isenção como desculpa, é maldita; a mão que não escreve pela cartilha dos que mandam, desmandam, co/mandam e açambarcam e tomam de assalto o País é mal-vista e dá azia. Para eles é mão boba: não ganha nada e adianta muito pouco. O banditismo instalado no poder instituído dentro dos poderes constituídos tem a força do perigoso, eficaz e verdadeiro crime organizado.
Em uma republiqueta, cheia de donos da verdade e da própria nação; inchada de parlapatões com o rei na barriga; habitada e dominada por biltres que se acham acima do bem e do mal, o blog é a redenção da liberdade de expressão. Até os chefes corridos de casas civís dessa democracia calamar gozam do mais lídimo direito de assinarem seus blogs. Disso esses reles calhordas não precisam ter medo. Nem precisam temer sequer uma providencial e merecida bengalada.