O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

11 de dez. de 2015

LULA NÃO QUER QUE A
POLÍTICA SEJA "JUDICIALIZADA"


Eu gosto quando o Lula se manda daqui e vai coaxar lá fora. Por duas razões principais: a primeira é que ele estando lá, está muito bem, porque quanto mais longe, melhor; a segunda é que lá fora ele só abre a boca quando acha que tem certeza e diz bobagem que não para mais.

Em um palanque lá pela Espanha, nesta quarta-feira, Lula defendeu para o jornal El País, promotor do evento, o "equilíbrio dos três poderes e a harmonia entre as instituições".

Então tá. Vamos destrinchar isso aí: Lula quer tanto isso e acredita tanto nisso que implantou no Brasil a "estratégia da coalizão pela governabilidade". E foi então que abriu o balcão de compra nos três poderes; e deu-se então que foi aparelhando cada um deles - de tal forma que todos hoje trabalham para o governo. E Lula é um dos luminares dessa República que vive dizendo que "as instituições estão funcionando".

OPERADOR DE LUXO

Mas vamos em frente que atrás vem gente. Lula depois de se queixar, como sempre, de que é alvo de críticas por "supostamente agir em nome do interesse de determinadas empresas", abriu o o seu evangelho de doutrinador e justificou sua atuação como camelô de luxo das empreiteiras: "Qualquer presença do Brasil em qualquer país do mundo eu defendia, como as autoridades de outros países também fariam". 

Ah, peralá, ô! Vai ver se a gente tá lá na esquina. O único objetivo era enfiar um projeto maluco e superfaturado de uma obra megalomaníaca, esfregá-lo nos beiços de qualquer ditador de plantão em Cuba, Bolívia, Venezuela, numa ditadura europeia ou africana qualquer e pronto, estava feito o carreto. 

E estava feito, porque o carreto tinha a chapa branca e folgada dos fundos infindáveis do BNDES - um sigla que carrega no nome a grande desculpa para grandes negócios: Banco de Desenvolvimento Econômico e Social. Caraca! Dentro de um título desse cabe tudo que der na cabeça de um corretor, de um agiota, de um operador e muito mais.

ELE SÓ PENSA EM BANDO

A essas alturas, Lula endereçou sua ladaínha ao rei da Espanha, Felipe VI, presente no seminário "Desafio dos Emergentes" e disse que a "judicialização da política" é um debate que os políticos precisam travar, "senão qualquer cidadão pode achar que pode decidir o que um presidente pode ou não pode fazer". Cara, ele diz essas coisas e fica com a mesma cara. 

Por isso que eu gosto dele lá fora. Ele se incrimina na maior serenidade. E já lhes digo o que está nas entrelinhas do improviso desse presidente aposentado que não larga o osso.

Lula pensa nas pessoas como se elas estivessem reunidas em bandos, pandilhas, "movimentos"... Não é capaz de enxergar em uma pessoa, uma só pessoa, uma única pessoa; essa pessoa tem que valer um grupo, uma facção, um partido, senão pouco lhe interessa, ou nada vale. 

Bolas, um cidadão, qualquer cidadão, pode sim decidir o que um presidente pode ou não fazer. Basta que tenha mais bom senso do que os presidente que temos tido nesse país sem rumo e fora do controle.

PARQUE DE LAMA

Mas que nada, Lula tá nem aí. Entusiasmado como fica consigo mesmo, Lula foi magnânimo com os repórteres do El País, jornal que promoveu o tal seminário: em nome da tal harmonia dos poderes, ele foi empírico e grandiloquente: "Não devemos judicializar a política"... 

Pô, parei! Vou descer aqui nesse paraíso! Se não judicializar a política, então aí mesmo é que as comportas da moral, da ética, dos bons costumes vão desabar e o Brasil vai virar um imenso parque de lama, de pura lama. 

Aí, é só o próprio Lula subir de novo a rampa, botar os exércitos de Stédille e dos "movimentos sociais" na rua e mandar prender e algemar o juiz Sérgio Moro, os procuradores e os policiais federais da Lava Jato e operações similares que vêm passando o país a limpo.