JUSTA HOMENAGEM
AO "INFORMANTE"
A Polícia Federal proporcionou a Lula, nessa semana que já era, uma bela homenagem cívico-policialesca ao intimá-lo a depor como "informante". Com a garantia do sigilo oficial, nada foi mais agradável nem tão prazeroso para Lula nesses tempos bicudos do que praticar a sua modalidade preferida, a informação sigilosa.
Praticando o esporte de maldizer reputações, dizem os mais chegados opositores do presidente de honra e líder máximo do PT, que chegou a dar coceira no Cara. É que trair e coçar é só começar.
E o depoente da semana não se fez de rogado. Já tinha dito antes que aquela coisa de jorrar dinheiro por causa de uma medida provisória que facilitava a vida das montadoras, não foi com ele; "foi no governo da companheira Dilma".
Agora, no papel de informante, dedurou, sem dó nem piedade, o companheiro Zé Dirceu. Indagado sobre as sistemáticas nomeações dos salafrários para a Petrobras, o "informante" entregou de bate-pronto: "Não fui eu; foi ele! O Zé Dirceu era quem nomeava os diretores da Petrobras".
E assim, mal disse e assim logo se foi, feliz da vida, com a homengaem que a Polícia Federal lhe prestou, por determinação - mister é dizer - vinda lá do Supremo Tribunal do Governo Federal. Foi lá das gavetas da Corte de Lewandowski que veio a classificação de Lula como "informante".
Se há um momento de verdade na vida de Lula, seja lá o personagem que ele interprete - Barba, Brahma, O Cara, Metamorfose Ambulante - esse átimo de autenticidade se dá quando ele trai. É da sua natureza.
RODAPÉ - Agora me deram o direito à especulação. Então, pergunto: será que os investigadores quiseram saber quem era o presidente da República, nesse glorioso momento de poder do Zé Dirceu? E pergunto, uma vez mais, só mais essa: será que os investigadores quiseram saber se o então presidente da República nunca desconfiou de nada, nem sequer sentiu uma punhaladazinha pelas costas?