O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

10 de jun. de 2014

REGREVE NA QUARTA
Hoje é o primeiro do último dia sem greve dos metroviários em São Paulo. O governo paulista bateu pé e não reintegrou os 42 servidores demitidos por arruaças e depredações. Os metroviários deram dois dias de trégua mas depois de amanhã, tudo pode voltar à estaca zero no caminho da Copa. Já não é o que acontece com a bagunça dos Sem-Teto. Eles se entenderam com Dilma que prometeu mundos e fundos para eles. Em troca das promessas de casas e facilidades o movimento não se mexe durante a festa da Fica. E então, ufa! Vai ter Copa.

TEM COPA, NÃO TEM ÁGUA
Datafolha fez mais um levantamento. Descobriu que 32% dos brasileiros ficaram sem água nesse país nos últimos 30 dias. Quer dizer, para um terço do Brasil vai ter Copa mas pode não ter água. Assim é esta Copa do Copo.

NÃO SERIA LULA
Lula, o que não larga o osso, está preocupado com o desgaste do PT com relação aos casos de corrupção. Ele pede ação imediata do partido contra a decadência da imagem da sigla. Deveria pedir que a Justiça apurasse as denúncias a fundo, a fim de resguardar os inocentes e punir os culpados. Mas aí, Lula não seria Lula.

COMPADRES
Nesta quarta-feira, o boca-maldita da Petrobardahl, Paulo Roberto Costa, vai visitar a CPI do Senado para uma conversa de compadres com os membros governistas da comissão que vem blindando um dos maiores dentre os grandes escândalos do governo do PT e suas siglas associadas. Ele não foi convocado pela oposição, foi convidado pelos governistas. A oposição vai convocar o figurão para a CPI mista, onde pode perguntar o que bem entender. De qualquer maneira, a Petrobrás está sendo tratada em lugar errado. É caso de polícia. Merece uma boa delegacia. Já Paulo Roberto Costa no Senado da República, parece o personagem aquele da piada do compadre que queria faturar a mulher do compadre. Foi flagrado já peladão na cama pelo marido. Sem uma saída melhor, justificou-se: - Pois é, compadre, eu não tinha nada pra fazer. Aí resolvi, vou até lá; vou dar pro compadre.

VOCÊ SABIA?
Dos 61.600 lugares disponíveis no estádio Itaquerão para a abertura oficial da Copa, só 20 mil foram adquiridos por torcedores que pagaram o ingresso. Os outros 41.600 foram parara nas grandes empresas que distribuíram o mimo para seus clientes de elite, ou para convidados VIPs da Fifa e do governo.

SAI UM, ENTRA OUTRO
Dia 1° de julho, os olhos e ouvidos do povo terão o descanso que merecem. A Justiça eleitoral proíbe a veiculação de publicidade do governo, o massacre mais ufanista e enganoso de que já se teve notícia na história desse país. Em contrapartida, vem aí o famigerado horário político gratuito, vendendo felicidade.

PLANO B
O governo anuncia que vai colocar em prática um Plano B para levar torcedores ao Itaquerão, caso os metroviários deflagrem mesmo a regreve depois de amanhã. Tudo pela Copa.

PRESTÍGIO
Em uma dessas pesquisas que andam por aí e nas quais acredita quem quer e gosta, 29% dos entrevistados disseram que votariam em um candidato indicado pelo ministro Joaquim Barbosa; 24% disseram que seguiriam a indicação de Lula da Silva. Quer dizer, fazendo justiça Barbosa tem mais prestígio e seguidores do que Lula fazendo política.

FORA DE CONTROLE
A uma proposta de emenda constitucional na Câmara que anda deixando os deputados de cabelos e perucas eriçadas: a PEC 116 reserva 50% das cadeiras de deputados federal para quem se declare "negro". E há uma outra, a PEC 320 que cria quatro vagas para quem seja eleito pelas comunidades indígenas. Afora isso, há também o projeto de Lei 4497 que obriga os partidos a apresentar 50% de candidaturas de mulheres. Isso está ficando bom. A camarilha está sentindo que o Parlamento também está fora de controle. E esse é o Brasil da Silva. O bom é que vai ter Copa.

SURDA-MUDA
Dilma Vana vai estar na abertura da Copa. Numa cabine blindada e à prova de som. Só vai abrir para a boca para declarar que "Está aberta a Copa!". O discurso de improviso está gravado. Deve ser editado nos telões. Os telões não são mudos; são surdos.