Carlos Eduardo Behrensdorf - Roma
Botando os pontos nos iiiMostrando a decisão tomada de sempre que possível matar a cobra e mostrar o pau, este correspondente movido a receitas especialíssimas vindas do Sanatório mais aberto do Cone Sul, após noites insones de trabalho insone produz uma tração não muito insossa de uma entrevista pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros, chanceler italiano Franco Fratinni, ao jornal “Il Giornale”.
Pois bem, na minha leitura sonolenta me parece que a situação é a seguinte:
1. Frattini entende que justamente agora, quando a União Européia delibera sobre os termos de um status de refugiado válido para todos os 27 países-membros, não é uma boa hora para negar a definição sobre as medidas a serem tomadas pelos países europeus em relação a outros países.
2. Pergunta venenosa de Frattini: “Desta vez ocorre conosco, mas, se amanhã Brasil ou Indonésia se recusassem a extraditar para a Alemanha um terrorista da Baader Meinhof, como deveríamos nos comportar?”
3. A própria UE trabalha para estabelecer para todos qual deveria ser o status do refugiado e, portanto, está decidindo os critérios para aceitar os pedidos de asilo. O incansável Frattini acrescenta mais o seguinte: “Eu sei que nestes dias está sendo elaborada uma lista de países, como Austrália e Canadá, em que os cidadãos, obviamente, não podem apresentar pedidos. Mas, quem é que pensa nos europeus? Devem ser os outros países a nos dar atestados de democracia?”
Na parte final de sua longa entrevista Franco Frattini dá o seu recado, que é também o do governo italiano. Para os internos aqui vai uma síntese para que possam analisar com calma, preferencialmente quando forem liberados dos quartos sanatoriais para o tradicional banho de sol.
O governo italiano esquece os 30 milhões de oriundi que vivem no Brasil, mas também não pretende fingir que não houve nada em face do que consideram um grave erro cometido por uma parte do governo brasileiro.
Por um lado, o governo italiano quer manter-se “responsavelmente amigo”, até porque neste ano de 2009 (olha o recado aí, gente!!!!!) temos a responsabilidade de liderar o G8, ao qual convidaremos países como a Índia, México, Brasil e China.
Por outro lado, o governo (deles...) pretende obter a extradição de “um criminoso e assassino”. E no final, outro recado, desta feita, às claras e com todas as letras: “Estamos preparados, entre outras coisas, a responder duramente a quem quer que seja que, do Brasil, pretenda dar-nos lições sobre como superar os anos de chumbo.”
Para encerrar, veja só a manchetezinha amiga do jornal Corrière della Sera o mais lido na Itália, no caderno sobre Milão que circulou no dia 1º deste mês:
IMIGRATI
Denunciando la sieropositività evitano espulsione.
"E la notte lavoriamo in strada".
AIDS
VIADOS DAL BRASILE A MILANO PER FARSI CURARE
Preciso traduzir?
(Carlos Eduardo Behrensdorf, nostra Fontana Azzurra - Roma)