Propensa a reabilitar em parte o fascismo, a Itália reforma as cidades construídas sob o regime de Mussolini. Philippe Ridet, em Latina (Itália)
Carlos Eduardo Behrensdorf
Nostra Fontana Azzurra
Os textos a seguir, que tempos atrás seriam classificados como tijolaços, servirão para os leitores furtivos deste hospital futurista aproveitarem o fim de semana. Leiam que vale a pena. Só uma coisa: gostaria de saber da opinião de alguns ou algumas dos senhores. Conversar é preciso.
Todos eles concordam com o seguinte ponto: "Há dez anos ainda, a nossa iniciativa teria sido impossível". Na sexta-feira, 26 de setembro de 2008, em Latina (na região do Lácio, no centro do país), um grupo de quinze prefeitos e de adjuntos para assuntos culturais está reunido numa pequena sala da sede da província. Eles vieram de Alghero, Aprilia, Pontinia, Sabaudia, Foggia...
O que os motiva a participarem deste encontro incomum? Um protocolo de acordo que eles se preparam para assinar, por meio do qual cada um deles se compromete a "trabalhar em prol da valorização do patrimônio arquitetônico e ambiental das cidades italianas de fundação".
O termo "cidades de fundação" designa na Itália um projeto urbano que foi implantado num território virgem, ou quase. Algumas cidades tais como Pienza (Toscana) ou Sabbioneta (Lombardia), por exemplo, surgiram durante o Renascimento. Mas aquelas que são objetos do protocolo de Latina foram fundadas ou reestruturadas por Benito Mussolini (1883-1945) durante o período do "Ventenio" fascista, ou seja, aquela vintena de anos (1922-1943) durante a qual o "Duce" reinou sobre a Itália.
Essas cidades são ao mesmo tempo o orgulho e o calvário desses eleitos, sejam eles de direita ou de esquerda. No total, existem 143 delas, segundo um levantamento realizado pelo escritor Giovanni Pennachi que lhes dedicou um livro - "Viaggio per le città del Duce" (Viagem pelas cidades do Duce), editora Laterza -. Todas elas carregam como um grande peso morto a idéia de serem a representação arquitetônica da "ordem" fascista, com as suas largas avenidas que conduzem até a sede da prefeitura, a igreja, o quartel e até uma "casa del fascio" (uma das sedes políticas do fascismo).
Contudo, as "città di fondazione" do período fascista também constituem exemplos de uma arquitetura moderna, ambiciosa e, sob muitos aspectos, utópica. Nelas, os seus planejadores tentaram construir uma ponte entre a Roma antiga e as contribuições do Bauhaus, buscando evitar as influências do Renascimento e do Barroco, períodos estes que o Duce considerava como decadentes. Para tanto, eles lançaram mão da simplificação das linhas e da gramática arquitetônica da Antiguidade, e buscaram racionalizar os deslocamentos: "A arquitetura racionalista" também foi motivada por bons sentimentos.
Implantadas, em sua maior parte, em terras que foram conquistadas sobre pântanos, os quais foram então drenados (num processo que foi chamado de "bonificação"), ou ainda, confiscadas dos latifundiários, essas cidades foram colonizadas pelos mais pobres dos habitantes da Península, muitos dos quais eram oriundos da região do Vêneto.
Por meio de uma simples sobreposição do mapa das áreas que foram atingidas pela epidemia de malária durante os anos 1920 com aquele da implantação dessas cidades, é possível compreender porque as "città di fondazione" também constituíram uma resposta para um problema de saúde pública, além de uma tentativa para tirar a Itália do subdesenvolvimento.
O que fazer então com este patrimônio dotado de conotações ambíguas? Abandoná-lo aos nostálgicos das camisas pretas (usadas pelos militantes fascistas)? Enterrá-lo nos mais profundos rincões da sua má-consciência? Na opinião de Augusto di Lorenzo, um adjunto para assuntos culturais da prefeitura de Aprilia, uma cidade situada e cerca de sessenta quilômetros ao sul de Roma, trata-se de "oferecer raízes para aqueles habitantes que estejam em busca de uma identidade".
O contexto, contudo, é bastante peculiar. Isso porque um vento revisionista, instigado por uma parte da população que ainda vê com bons olhos certos aspectos do fascismo, está soprando sobre a Itália. Liderado por Gianni Alemanno, o atual prefeito de Roma, ou ainda por Ignazio La Russa, o ministro da Defesa - ambos os quais são membros do partido Aliança Nacional -, este movimento visa a reabilitar o fascismo, tentando absolvê-lo das suas realizações mais condenáveis (as leis raciais, por exemplo).
Fica difícil, nessas condições, para os promotores desta iniciativa, tentar fugir da pergunta colocada pelo historiador de arte Giorgio Pellegrini no prefácio do catálogo de uma exposição que foi realizada em Latina, em 2005: "Será ainda possível ler a arquitetura das cidades de fundação a partir de um ponto de vista renovado, sem sentir o peso das tragédias que se desenrolaram atrás das fachadas de cada um desses edifícios?", indagava o autor, para então convidar os interessados a superarem os preconceitos "contra essas cidades, hoje consideradas como novas, onde aquela síndrome ideológica já pode ser dada como extinta".
Os dois principais redatores da Carta de Latina (que em momento algum menciona o nome de Benito Mussolini), o adjunto para questões de urbanismo de Predappio (de esquerda), e o assessor para assuntos culturais da província de Latina (de direita), não oferecem as mesmas respostas para esses questionamentos. Na opinião do primeiro, Giorgio Frassineti, "a história condenou o fascismo. No momento atual, trata-se de promover um patrimônio arquitetônico importante, e nada mais do que disso".
Mostrando-se mais ambíguo, o segundo, Fabio Bianchi, explica que daqui para frente "a nossa maneira de enxergar o fascismo mudou, e as condições de serenidade já estão reunidas para julgar. Este regime não vivenciou apenas momentos negros". Por enquanto, os eleitos que integram esse movimento decidiram se unir em torna desta causa comum e já estão vislumbrando as multidões de turistas desembarcando dos ônibus para visitarem as artérias das suas cidades, e partindo à descoberta deste patrimônio um tanto constrangedor.
No que vem a ser um sinal dos tempos, nenhuma polêmica veio perturbar esta iniciativa. Bem que o diário "La Stampa" tentou promover um debate em torno da questão, abrindo suas colunas para o especialista Antonio Pennacchi, para quem "os projetos do fascismo eram melhores que aqueles de Massimiliano Fuksas", um arquiteto famoso na Itália atual. Mas a tentativa não deu em nada. Ninguém reagiu à provocação.
Entrevistado pela reportagem do "Le Monde", Fuksas recusou-se a alimentar qualquer polêmica: "Não existe nenhum estilo fascista específico, mas sim, apenas uma arquitetura moderna. Muitos chegaram a confundir o arquiteto com o fascista. Esta mistura de historicismo e de Bauhaus era praticada por pessoas cultas".
Tradução: Jean-Yves de Neufville
Visite o site do Le Monde
Da Itália para o Rio Grande fronteiriço
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Da Itália para o Rio Grande fronteiriço
Há mais de dez anos tenho este texto comigo.
Afirmo e provo por A + B que é o original.
Depois deles, inúmeras versões modificadas surgiram na internet todas elas atribuídas ao velho Jockymann.
Afirmo e provo por A + B que é o original.
Depois deles, inúmeras versões modificadas surgiram na internet todas elas atribuídas ao velho Jockymann.
Para os puristas do estilo peão de estância aqui vai a preciosidade, mais potente do que qualquer Lexotan literário que volta e meia alguns impacientes fazem circular neste nosocômio notório pela liberdade de pensamento, portas e janelas abertas e contas fechadas. Daqui só os médicos, enfermeiros e o diretor não têm alta. Os outros, de vez em quando, ficam altos...
(Carlos Eduardo Behrensdorf, de Roma)
(Carlos Eduardo Behrensdorf, de Roma)
Um causo original de Sérgio Jockymann
Pois não sei se já les contei os causo das Escritura Sagrada. Se não les contei, les conto agora. A estória, essa é meio comprida, mas vale a pena contá por causa dos revertério. De Adão e Eva acho que não é perciso contá os causo, porque todo mundo sabe que os dois foram corrido do Paraíso por toma banho pelado numa sanga.
Naqueles tempos esse mundaréu todo era um pasto só sem dono, onde não tinha nem dele nem meu. O primeiro índio a botá cerca de arame foi um tal de Abel. Mas nem chegou a estendê o primeiro fio porque levou um pontaço no peito do irmão dele, um tal de Caim, que tava meio desconforme com a divisão. O Caim entonces, ameaçado de processo feio se bandeou pro Uruguai. Deixou um filho dele, um tal de Noé, tomando conta da estância.
A estância, essa ficava na barranca de uma corredeira e Noé, uns ano depois, pegou uma enchente muito feia pela frente. Cosa muita séria. Caiu uma barbaridade de água. Tanta água que tinha até índio pescando jundiá de cima de cerro. O Noé entonces botou as criação em cima de uma balsa e se largou nas correnteza, o índio veio. A enchente era tão braba que quando o Noé se deu conta a balsa tava atolada num banhado chamado Dilúvio.
Foi aí que um tal de Moisés varou aquela água toda com vinte junta de boi e tirou a balsa do atoleiro. Bueno, aí, com aquele desporpósito, as família ficaram amiga. A filha mais velha do Noé se casou-se com o filho mais novo de Moisés, e os dois foram morá numa estância muito linda, chamada estância da Babilônica.
Bueno, tavam as família ali, tomando mate no galpão, quando chegou um correntino chamado Golias, com mais de uns trinta castelhano do lado dele. Abriram a cordeona e quiseram obrigá as prenda a dansá uma milonga. Foi quando os velho, que eram de muito respeito, se queimaram e se deu o entrevero. Peleia braba, seu. O correntino Golias, na voz de bamos, já se foi e degolou de um táio só o Noé e o velho Moisés. E já tava largando o planchaço em cima do mulherio, quando um piazito carretero de seus dez anos e pico, chamado Davi, largou um bodocaço no meio da testa do Golias, infeliz, que não teve nem graça. Foi me acudam e tou morto. Aí a indiada toda se animou e degolaram os castelhano. Dois que tinham desrespeitado as prenda foram degolado com o lado cego da faca. Foi uma sangrera danada. Tanto que até hoje aquele capão se chama Capão do Mar Vermelho.
Mas entonces foi nomeado delegado um tal de major Salomão. Home de cabelo nas venta o major Salomão. Nem les conto. Um dia o índio tava sesteando quando duas velha se botaram em cima dum guri dos seus sete ano que tava vendendo pastel.
O major Salomão, muito chegado ao piazito, passou a mão no facão e de um talho só cortou as velha em dois. Esse é o muito falado causo do Perjuízo de Salomão que contam por aí.
Mas, por essa estimativa, o major Salomão o que tinha de brabo tinha de mulherengo. Eta índio Bueno, seu. Onde boleava a perna, já deixava filho feito. E, como vivia boleando a perna, teve filho que Deus nos livre. E tudo com a cara dele, que era pra não havê discordância. Só que quando Deus nosso senhor quer, até égua veia nega estribo. Logo a filha das predileção do major Salomão, a tal de Maria Madalena, fugiu da estância e foi sê china de bolicho.
Uma vergonhera pra família. Mas ela puxou a mãe, que era uma paraguaia meio gaudéria que nunca tomou jeito na vida. O pobre do major Salomão se matou-se de sentimento, com uma pistola Eclesiaste de dois cano.
Mas vejam como é a vida! Pois essa mesma Maria Madalena se casou-se três ano depois com um tal de coronel Ponciano Pilatos. Foi ele que tirou ela da vida. (Eu conheço uns três caso do mesmo feitio e nenhum deles deu certo). Como dizia muito bem meu pai, mulher quando toma mate em muitas bomba, nunca mais se acostuma com uma só.
Mas nesses contraproducente até que houve uma contrapartida. O coronel Ponciano Pilatos e Maria Madalena tiveram doze filho, os tal de Apósto, que são muito conhecido pelas caridade que fizeram. Foi até na casa deles que Jesus Cristo churrasqueou com a cunhada de Maria Madalena, que depois foi santa muito afamada. A tal de Santa Ceia.
Pois era uns tempo muito mal definido. Andava uma seca braba pelo campo. São José e a Virgem Maria tinham perdido todo o gado e só tavam com uma mula branca no potrero chamada Samaritana. Um rico animal criado em casa que só faltava falá. Pois tiveram que se disfazê do pobre animal. E, como as desgraça quando vem já vem de braço dado, foi bem aí que estouraram as revolução.
Os maragato chefiado por um tal de coronel Jordão acamparam na entrada da vila. Só não entraram porque tava lá um destacamento comandado pelo tenente Lazo, aquele mesmo que por duas vezes foi dado por morto. Mas aí um cabo dos provisório, um tal de cabo Judas, se passou-se pros maragato e já se veio uns tal de Romano, que tavam com uma força de cavalaria agrupada numa várzea e ocuparam a vila.
Nosso Senhor foi preso pra ser degolado por um preto muito forte e feio chamado Calvário. Pois vejam como é a vida: esse mesmo preto Calvário, degolador muito mal afamado, era filho da velha Palestina, que tinha sido cozinhera da Virgem Maria. Degolador é como cobra, desde pequeno já nasce ingrato. Mas entonces botaram Nosso Senhor na cadeia, junto com dois abigeatário, um tal de João Batista e o primo dele, Heródio dos Reis. Os dois tinham peleado por causo de uma baiana chamada Salomé e no entrevero balearam dois padre, monsenhor Caifás e o cônego Atanásio.
Mas aí veio uma força da Brigada e mais três corpo de provisório e se pegaram com os maragato. Foi a peleia mais feia que se tem conhecimento. Foi quarenta dia e quarenta noite de bala e bala. Morreu três santo na luta: São Lucas, São João e São Marco. São Mateus ficou três mês morre não morre, mas teve umas atenuante a favor se salvou-se o índio.
Nosso Senhor pegou três balaço, um em cada mão e um que varou os pé de lado a lado. Ainda levou mais um pontaço do mais velho dos romanos, o César Romano, na altura das costela. Ferimento muito feio que Nosso Senhor curou tomando vinagre na sexta-feira da paixão. Mas aí Nosso Senhor se desiludiu-se dos home, subiu na cruz, disse tiavolta pros amigo e se mandou-se pro céu.
Mas deixou os dez mandamento, que são cinco e que se pode muito bem acolherá em dois: não se mata home pelas costa nem se cobiça mulher dos outro pela frente.
Quem é Sérgio Jockymann
Quem é Sérgio Jockymann
Como a receita por aqui é matar a cobra e mostrar o pau vamos ao que interessa: na Wikipédia, a enciclopédia livre da Internet quem procurar encontrará o seguinte:
Sérgio Jockymann (Palmeira das Missões, 1930) é um jornalista, romancista, poeta e dramaturgo brasileiro.
Seu pai, um engenheiro agrônomo e farmacêutico e sua mãe, professora primária, tiveram uma forte influência para que nele despertasse o gosto pela literatura.
Carreira como jornalista
Carreira como jornalista
Jornalista desde os 17 anos, trabalhou como comentarista nos jornais Diário de Notícias de Porto Alegre; na Companhia Jornalística Caldas Júnior, nos jornais Correio do Povo e Folha da Tarde e na rádio Guaíba AM. Seu talento foi reconhecido por ocasião da morte do então presidente Getúlio Vargas, com a publicação de um artigo intitulado "Há um homem pelas ruas", no jornal Diário de Notícias.
Foi diretor geral da Rádio Farroupilha; diretor, apresentador e produtor da antiga TV Piratini; foi comentarista na TV Difusora (atual Band RS) e na TV Gaúcha (atual RBS). Tinha um quadro diário no programa Portovisão, da TV Difusora, até 1980, quando se transferiu para o horário noturno, fazendo o comentário final, às 21h20, no programa Guaíba ao Vivo.
Retornando ao jornalismo no final dos anos 80, após o trabalho como autor de telenovelas e seriados de televisão, fundou e editou o Jornal RS, em Porto Alegre.
Quando a TV Guaíba foi à falência, Sérgio Jockymann tomou as rédeas da emissora temporariamente, antes da chegada do novo dono, o empresário da soja Renato Bastos Ribeiro.
Nos meses em que Jockymann dirigiu a emissora, colocou no ar muitas atrações locais, como o programa da hora do almoço Aqui e Agora, apresentado pela primeira e única nissei na televisão do Rio Grande do Sul. O Aqui e Agora tinha como cenário uma parede de fundo branca, com um logo de duas letras A em vermelho e laranja.
Era composto de vários quadros de comentários e notícias, esporte, entrevistas. Logo depois, ia ao ar o programa jovem Clip Clap, apresentado por Gaio Fontela. O programa Magda Beatriz Entrevista era produzido por Claudinho Pereira e ia ao ar no início da tarde. Jockymann ainda criou e dirigiu o A Hora e A Vez do Rio Grande, de entrevistas, com José Fontela.
Atualmente continua exercendo sua profissão na mídia impressa, com a inserção de colunas diárias nos jornais do Grupo Editorial Sinos.
Carreira como escritor
Teatro
Teatro
É autor de inúmeras peças teatrais, entre as quais Caim (1955), Tutu Marambá, Boa tarde, excelência (1962), Marido, matriz e filial, Lá e Treze, entre outras. Em 1980, sua peça teatral Spiros Stragos foi publicada pelo Ministério da Educação e Cultura e obteve o 2º lugar no IX Congresso Nacional de Dramaturgia.
Poesia, conto, romance
1957 - prêmio de "Poesia do Ano", atráves de concurso literário da Divisão de Cultura de Porto Alegre;
1958 - Poemas em negro - publicado pelo Instituto Estadual do Livro (IEL);
1975 - Vila Velha - volume I - coletânea de contos escritos para o jornal Correio do Povo e publicado pela Editora Garatuja;
1976 - Vila Velha - volume II - publicado pela mesma editora, em decorrência do sucesso da obra anterior;
1982 - Clô Dias & Noites - romance, publicado pela Editora L±
2000 - Sortilégio - romance, publicado pela Editora L&PM.
Televisão
1969 - Confissões de Penélope (seriado - TV Tupi)
1969 - Nenhum homem é Deus (TV Tupi)
1970 - A gordinha (TV Tupi)
1972 - Na idade do lobo (TV Tupi)
1973 - O conde Zebra (TV Tupi)
1974/1975 - O machão (TV Tupi)
1975 - O sheik de Ipanema (TV Tupi)
1975/1976 - Vila do Arco (TV Tupi)
1978 - Roda de fogo (TV Tupi)
1981 - Dulcinéa vai à guerra (TV Bandeirantes)
1984 - Casal 80 (seriado - TV Bandeirantes)
Sanatório da Noticia Especial Internacional
Poesia, conto, romance
1957 - prêmio de "Poesia do Ano", atráves de concurso literário da Divisão de Cultura de Porto Alegre;
1958 - Poemas em negro - publicado pelo Instituto Estadual do Livro (IEL);
1975 - Vila Velha - volume I - coletânea de contos escritos para o jornal Correio do Povo e publicado pela Editora Garatuja;
1976 - Vila Velha - volume II - publicado pela mesma editora, em decorrência do sucesso da obra anterior;
1982 - Clô Dias & Noites - romance, publicado pela Editora L±
2000 - Sortilégio - romance, publicado pela Editora L&PM.
Televisão
1969 - Confissões de Penélope (seriado - TV Tupi)
1969 - Nenhum homem é Deus (TV Tupi)
1970 - A gordinha (TV Tupi)
1972 - Na idade do lobo (TV Tupi)
1973 - O conde Zebra (TV Tupi)
1974/1975 - O machão (TV Tupi)
1975 - O sheik de Ipanema (TV Tupi)
1975/1976 - Vila do Arco (TV Tupi)
1978 - Roda de fogo (TV Tupi)
1981 - Dulcinéa vai à guerra (TV Bandeirantes)
1984 - Casal 80 (seriado - TV Bandeirantes)
Sanatório da Noticia Especial Internacional
As senhoras e os senhores pacientes leitores deste informativo ligado unicamente a este manicômio informativo e não judiciário acreditam que algum ministro brasileiro poderia dizer o seguinte: O Brasil é o país mais parecido do mundo aos Estados Unidos!
Não só poderia como pode e disse.
Trata-se do ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, Mangabeira Unger, em entrevista exclusiva concedida em Brasília aos repórteres Soledad Gallego Diaz e Juan Arias, do jornal espanhol El País, um dos mais lidos não só na Espanha como em toda a Europa.
Trata-se do ministro de Assuntos Estratégicos do Brasil, Mangabeira Unger, em entrevista exclusiva concedida em Brasília aos repórteres Soledad Gallego Diaz e Juan Arias, do jornal espanhol El País, um dos mais lidos não só na Espanha como em toda a Europa.
E como Mangabeira é dos ministros entre os quase 40 companheiros de Esplanada que mais apanha da imprensa brasileira, principalmente por seu sotaque americanizado, resolvemos transcrever na integra o que ele disse aos jornalistas espanhóis já que os brasileiros não perguntam nada ou quase nada.
Sendo assim a entrevista vai na integra e em espanhol, pois, afinal de contas, língua não é e nunca foi problema pra brasileiro nenhum. Aproveite o fim de semana, leia e depois me diga alguma coisa.
EL PAIS.
Internacional
ENTREVISTA: ROBERTO MANGABEIRA UNGER Ministro de Asuntos Estratégicos de Brasil
"Brasil es el país más parecido del mundo a EE UU"
SOLEDAD GALLEGO DÍAZ / JUAN ARIAS
Brasilia - 09/02/2009
Internacional
ENTREVISTA: ROBERTO MANGABEIRA UNGER Ministro de Asuntos Estratégicos de Brasil
"Brasil es el país más parecido del mundo a EE UU"
SOLEDAD GALLEGO DÍAZ / JUAN ARIAS
Brasilia - 09/02/2009
Roberto Mangabeira Unger (Río de Janeiro, en www.robertounger.net). Es autor de un corto, y muy polémico, ensayo sobre "España y su futuro", que escribió antes de ser ministro, que supone una crítica muy directa a los sucesivos gobernantes que ha tenido la democracia española y que podría 1947) es un ministro atípico. Primero por su propia biografía: es catedrático en la facultad de leyes de Harvard (ocupó el cargo a los 29 años, el más joven que ha tenido nunca ese centro universitario y fue profesor del actual presidente de Estados Unidos, Barack Obama), ha escrito numerosos libros sobre política y construcción social y esta considerado como uno de los teóricos más brillantes, y polémicos, en el ámbito del pensamiento social contemporáneo (sus trabajos están disponibles resumirse en una línea: España es hoy un país sin proyecto, incapaz de aprovechar su potencial.
El profesor de Obama
Implicado desde hace años en la política cotidiana de su país, Mangabeira, que se considera de izquierda, fue un crítico muy duro del presidente Luiz Inacio Lula da Silva, quien, sin embargo, le llamó un día, en su segundo mandato, para ofrecerle una cartera que sería insólita en cualquier otro país que no fuera Brasil: ministro de Asuntos Estratégicos. Desde Brasilia, donde recibe a El País, Mangabeira analiza las grandes líneas de la vida política social y económica de Brasil y las grandes corrientes internacionales, pero eso no le parece suficiente. "El presidente Lula me propuso que ayudara a formular un modelo conceptual sobre el futuro de Brasil, pero para hacer eso no necesito estar en Brasilia. Para escribir panfletos podría continuar en Harvard. Lo que intento es definir iniciativas concretas que encarnen o anticipen ese cambio en la trayectoria institucional del país. Escoger iniciativas en políticas públicas sectoriales, educación, trabajo, política agrícola o industrial, que tengan efecto práctico inmediato pero que también prefiguren el cambio de rumbo que necesita el país".
En medio de la formidable crisis económica y financiera actual, sus propuestas, no solo para Brasil, sino para la comunidad internacional en su conjunto, adquieren cada día mayor relevancia y son objeto de mayor debate. Uno de sus últimos libros se titula: "¿Qué debería proponer la izquierda?"
Pregunta: ¿Qué debería proponer hoy la izquierda en todo el mundo?
Respuesta: Básicamente hay tres izquierdas en el mundo. Hay una vendida, que acepta el mercado y la globalización en sus formas actuales y que quiere simplemente humanizarlas por medio de políticas sociales. Para esa izquierda, solo se trata de humanizar lo inevitable. Su programa es el programa de sus adversarios, con un descuento social y una renta moral y narcisista. Hay otra izquierda, recalcitrante, que quiere desacelerar el progreso de los mercados y la globalización, en defensa de su base histórica tradicional (los trabajadores sindicados de grandes empresas industriales). Y hay una tercera izquierda, la que me interesa, que quiere reconstruir el mercado y reorientar la globalización con un conjunto de innovaciones institucionales. Para esa izquierda, lo primero es democratizar la economía de mercado, lo segundo capacitar al pueblo y lo tercero, profundizar la democracia. Yo entiendo ese proyecto como una propuesta de la izquierda para la izquierda. Diría, con un lenguaje provocativo y algo teológico, que la ambición de esa izquierda no es humanizar la sociedad, sino divinizar la humanidad. El objetivo es elevar la vida común de las personas comunes al plano más alto. Y todo lo que se hace en materia de lucha contra la desigualdad es accesorio a esto. Rousseau dice en algún lugar: ellos no consiguieron ser hombres; entonces, decidieron ser ricos. Nosotros, la izquierda, no queremos eso, queremos que sean hombres.
P. ¿Como analiza hoy día la crisis económica internacional?
R. Yo diría que hace mucho tiempo que el mundo está sometido al yugo de una dictadura de falta de alternativas y que, en general, en la historia moderna, contrariamente a lo que pensaron muchos de los grandes teóricos sociales, los cambios fueron forzados por las guerras y los colapsos económicos. El trauma fue el requisito de la transformación. Hoy hay una gran pobreza de ideas sobre las alternativas en el mundo. Las ideas que orientaron la izquierda históricamente, como el marxismo, están fallidas y la respuesta a la crisis financiera internacional revela de una forma muy dramática las consecuencias de esa pobreza de ideas. No hay nada que no sea una versión momificada del keynesianismo vulgar, es la única luz en esta obscuridad. Hasta ahora, el debate ha estado casi enteramente dominado por dos temas superficiales: el imperativo de regular los mercados financieros y la necesidad de adoptar políticas fiscales y monetarias expansionistas. Son ideas muy por debajo del nivel, de la dimensión del problema. Los líderes de las veinte economías más importantes del mundo se reúnen en Washington y no tienen nada que decir. La verdad es que los poderosos aborrecen a las ideas; cuando ellos llegan, las ideas se van.
Respuesta: Básicamente hay tres izquierdas en el mundo. Hay una vendida, que acepta el mercado y la globalización en sus formas actuales y que quiere simplemente humanizarlas por medio de políticas sociales. Para esa izquierda, solo se trata de humanizar lo inevitable. Su programa es el programa de sus adversarios, con un descuento social y una renta moral y narcisista. Hay otra izquierda, recalcitrante, que quiere desacelerar el progreso de los mercados y la globalización, en defensa de su base histórica tradicional (los trabajadores sindicados de grandes empresas industriales). Y hay una tercera izquierda, la que me interesa, que quiere reconstruir el mercado y reorientar la globalización con un conjunto de innovaciones institucionales. Para esa izquierda, lo primero es democratizar la economía de mercado, lo segundo capacitar al pueblo y lo tercero, profundizar la democracia. Yo entiendo ese proyecto como una propuesta de la izquierda para la izquierda. Diría, con un lenguaje provocativo y algo teológico, que la ambición de esa izquierda no es humanizar la sociedad, sino divinizar la humanidad. El objetivo es elevar la vida común de las personas comunes al plano más alto. Y todo lo que se hace en materia de lucha contra la desigualdad es accesorio a esto. Rousseau dice en algún lugar: ellos no consiguieron ser hombres; entonces, decidieron ser ricos. Nosotros, la izquierda, no queremos eso, queremos que sean hombres.
P. ¿Como analiza hoy día la crisis económica internacional?
R. Yo diría que hace mucho tiempo que el mundo está sometido al yugo de una dictadura de falta de alternativas y que, en general, en la historia moderna, contrariamente a lo que pensaron muchos de los grandes teóricos sociales, los cambios fueron forzados por las guerras y los colapsos económicos. El trauma fue el requisito de la transformación. Hoy hay una gran pobreza de ideas sobre las alternativas en el mundo. Las ideas que orientaron la izquierda históricamente, como el marxismo, están fallidas y la respuesta a la crisis financiera internacional revela de una forma muy dramática las consecuencias de esa pobreza de ideas. No hay nada que no sea una versión momificada del keynesianismo vulgar, es la única luz en esta obscuridad. Hasta ahora, el debate ha estado casi enteramente dominado por dos temas superficiales: el imperativo de regular los mercados financieros y la necesidad de adoptar políticas fiscales y monetarias expansionistas. Son ideas muy por debajo del nivel, de la dimensión del problema. Los líderes de las veinte economías más importantes del mundo se reúnen en Washington y no tienen nada que decir. La verdad es que los poderosos aborrecen a las ideas; cuando ellos llegan, las ideas se van.
P. ¿De que habría que debatir entonces?
R. Hay tres temas suprimidos en el debate, mucho más importantes que esos dos temas superficiales. Todo lo que se puede hacer, y se debe hacer, en materia de regulación de los mercados financieros y de expansionismo fiscal y monetario depende, para su eficacia, del enfrentamiento de esos temas subyacentes más importantes. Son tres. Primero, la necesidad de superar los desequilibrios estructurales en la economía mundial entre los países con superávit en comercio y ahorro, empezando por China, y los países deficitarios en comercio y ahorro, comenzando por EEUU. El motor del crecimiento mundial, en los últimos años, fue el acuerdo implícito entre esos dos elementos. Ese motor se ha roto y vamos a tener que conseguir otro. Eso exigirá grandes cambios en EEUU, en China y la organización de la economía mundial.
P.¿No se trata de regular, sino de reorganizar?
R. Efectivamente. Vamos al segundo punto: la necesidad de que la regulación de los mercados financieros sea parte de una tarea mayor, que es reorganizar la relación entre el sistema financiero y la producción. Reorganizar específicamente el vínculo entre finanzas y producción. De la forma en que se organizan hoy las economías de mercado, el sistema productivo está básicamente autofinanciado. ¿Cuál es entonces el propósito de todo el dinero que está en los bancos y en las bolsas de valores?. Teóricamente sirve para financiar la producción, pero en realidad es solo va oblicuamente a ese cometido. Eso no tiene que ser así y eso es el resultado de las instituciones existentes. En este sistema, las finanzas son relativamente indiferentes a la producción en tiempos de bonanza y son una amenaza destructiva cuando surge una crisis como esta. Es decir, son indiferentes para el bien y eficaces para el mal.
P. ¿Y el debate sobre la distribución de la riqueza?
R. Ese es el tercer punto del que hablaba. El vínculo entre recuperación y redistribución. Todos admiramos la construcción en la segunda mitad del s. XX en EEUU de un mercado de consumo en masa. En principio, la construcción de ese tipo de mercado exige la democratización del poder adquisitivo y, por lo tanto, redistribución de la renta y de la riqueza, pero eso no sucedió en EEUU. Ocurrió lo contrario, hubo una violenta concentración de la renta y de la riqueza. ¿Cómo entonces consiguieron los norteamericanos la construcción de un mercado de consumo en masa?. Parte de la respuesta está en lo que sucedió con la supervalorización inmobiliaria ficticia. Ha habido una falsa democratización del crédito, una democratización postiza, precaria del crédito, que hizo las veces de la democratización de redistribución la renta y de la riqueza, que no hubo. Y ahora que ese sistema está destruido, es necesario crear una nueva base para el mercado. Es necesario insistir en cambios más profundos. Lo que yo le digo a mis ciudadanos es que yo quiero una dinámica de rebeldía; pero la rebeldía es una condición necesaria, pero no suficiente. Necesita una aliada que es la imaginación, la imaginación institucional.
P. ¿Cuál es el papel de Brasil en esa polémica?
R. Voy a decir inmediatamente lo que me parece más importante de Brasil. Su atributo más destacable es su vitalidad. Brasil es, sobre todo, vida. Hierve de vida que viene de abajo y esa vitalidad tiene una expresión social muy importante. La clase media tradicional en Brasil hace mucho tiempo que esta debilitada, económicamente y espiritualmente. Yo digo espiritualmente porque esa clase media tradicional amenaza, al igual que en los países ricos del Atlántico Norte, con una cultura de desencanto con la política. Pero Brasil no es Dinamarca, en nuestro país todo continúa dependiendo de soluciones colectivas a problemas colectivos. Nosotros necesitamos desesperadamente la política.
P. ¿Esta surgiendo una nueva clase media?
R. Surge, al lado de esa clase media tradicional, una segunda clase media que viene de abajo. No es una clase media europeizada, sofisticada; es ruda, morena, mestiza, de millones de personas que trabajan, luchan, para abrir pequeñas empresas, que estudian por la noche y que inauguran una cultura de autoayuda iniciativa. Es el horizonte que la mayoría quiere seguir. Pero sin tener cómo seguirlo, sin instrumentos ni ayuda. Yo entiendo que la gran revolución en Brasil hoy, sería que el Estado usara sus poderes y recursos para permitir a la mayoría seguir el camino de esa vanguardia de batalladores emergentes. Para eso tendría que innovar en las instituciones, económicas y políticas. Y ahí está un gran problema, porque nuestros dirigentes históricamente demostraron una completa falta de imaginación y de audacia. Nuestra gran tarea nacional hoy, colocada en sus términos más sencillos, sería instrumentalizar esa energía, esa energía que viene de abajo. Ahí hay dos grandes proyectos. Un proyecto de democratizar la economía de mercado y un proyecto de profundizar la democracia política. Y eso vale para encarar la crisis en todo el mundo.
P. ¿Impulsará Brasil la construcción de un proyecto común en América Latina?.
R. Al proyecto de unión sudamericana le falta un corazón, un cerebro. Es todo esqueleto, estructura, no tiene espíritu. La UE tuvo dos premisas: ser un proyecto de paz perpetua, para poner el fin al siglo de las guerras europeas, y ser un gran espacio de un modelo de organización social y económica diferente del modelo de EEUU. Nosotros no construimos aún en América del Sur una contrapartida para eso, tratamos de comercio, de integración energética y logística, pero no tratamos de lo más importante: cuál es nuestro proyecto, cuál es nuestro camino en el mundo. Yo creo que la afirmación de ese modelo, de esa trayectoria, en Brasil, que es, de lejos, el país más preponderante de América de Sur, permitiría dar un corazón, un cerebro, al proyecto de unión sudamericana.
P. ¿ Como son las relaciones entre Brasil y Estados Unidos?
R. Yo digo siempre que Brasil es el país del mundo más parecido a EEUU, aunque esa semejanza no se reconoce, ni en EEUU ni en Brasil. Son dos países con tamaños prácticamente idénticos, fundados con la mismas bases, población europea y esclavitud africana, multiétnicos. Los más desiguales de su tipo. EEUU, el más desigual de los países ricos; Brasil, el más desigual de los grandes países en desarrollo. Y paradójicamente, en esos dos países muy desiguales la mayor parte de los hombres y de las mujeres comunes continúan pensando que todo es posible. Brasil tiene, sobre todo ahora, una oportunidad extraordinaria y considero que un compromiso crítico con EEUU. Ellos están buscando en este momento, un momento de inflexión histórica, un sucedáneo al proyecto de Roosevelt. En Brasil estamos en una búsqueda paralela de un nuevo modelo de desarrollo que transforme la ampliación de las oportunidades económicas y educativas, en el propio motor del crecimiento económico. No se trata de discutir solo en el nivel de las abstracciones ideológicas; mi propuesta es que construyamos experimentos comunes en las instituciones que definen la economía de mercado y la democracia (FMI,BM, OMC, ONU).
P. ¿Participa el presidente Lula de su análisis estratégico?
R. Lula es, en algunos aspectos, una personalidad opuesta a la mía, pero él tiene intuición, y capta y traduce en sus discursos, lo noto cada vez más, esas cosas.
El profesor de Obama"Barack Obama es un hombre muy inteligente, muy abierto, pero al mismo tiempo muy cauteloso". Roberto Mangabeira tuvo como alumno al actual presidente de Estados Unidos en un curso que impartió en Harvard dedicado al análisis de posibles alternativas.
RODAPÉ - Como se denota, nossa Fonte Azul em Roma está firmemente determinada a não deixar que o idioma italiano atrapalhe o seu espanhol.