DE POSTE A PORTA,
MAS COM VENTRÍLOQUO
A carta de Michel Temer teve a propriedade de provocar a metamorfose de Dilma. Ela deixou de ser o poste iluminado eleito por Lula para ficar calada que nem uma porta.
Em compensação, o noviço rebelde, Leonardo Picciani, picado pela mosca azul está esbravejando em nome das articulações paralelas que vinha trocando com o governo Dilma, à margem de Temer presidente do partido dele e, por acaso, vice-presidente da República.
O afoito Picciani se meteu de pato a ganso e grasnou: "Ele não queria o fortalecimento da bancada". Marinheiro de primeira viagem. Logo vai ficar mareado. Esse tal "fortalecimento" da bancada, era o nome da propina em forma de cargos e gabinetes com que Dilma vinha comprando sua aliança.
Não que o Michel Temer não goste dessas coisas de toma lá, dá cá. É que ele, em vez de fazer saber, prefere saber fazer.
A gabarolice desse empavonado Picciano vindo assim à luz do dia com som e figura de ventríloquo, era tudo que Dilma precisava agora para continuar agindo na calada da noite. Certo é que a emenda já começou a sair pior que o soneto que lhes repasso em forma de verso:
No Palácio, o bobo fala
E, enfim, a corte se revela
Enquanto a madame se cala
O último apaga a vela.