- Hoje tem marmelada?
- Tem sim, senhor!
- E o palhaço o que é?...
- É o ladrão da mulher!
Pois, o circo está armado. Pronto para roubar para a mulher que não conseguiu "fechar as contas". E o palhaço, quem é? Ah, nem precisa perguntar. Todo mundo sabe que o palhaço é o brasileiro.
E assim é que hoje, distinto e amável público, o espetáculo vai continuar. A pergunta é que pode mudar.
Hoje vai ter baderna? Não tem, não senhor. O circo tem segurança, não precisa encomendar black blocs. E o show não pode parar.
O HOMEM QUE SABIA DEMAIS
Quem vai salvar a Dóris Day?
E então falou o que todo mundo dentro daquele recinto solene da Casa do Povo já está careca de saber: "o esquema de corrupção não é só na Petrobras. Acontece em todos os portos, aeroportos, rodovias, hidrovias, hidrelétricas...".
E assim abriu as portas para a devida cumplicidade da president@ Dilma: "Isso acontece em todos os governos de Sarney para cá. Aconteceu no governo Sarney, no de Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso, Lula e acontece no governo Dilma".
Dilma Coração Valente e Navegador, coitada, não está sozinha nesse barco. Mas está no barco.
Então, pronto. É só fazer uma Comissão da Verdade, melhor do que essa que anda por aí, para começar logo a escarafunchar essa pandilha toda, de 1985 pra cá, eis que foi naquela gloriosa data que Zé Sarney assumiu a Presidência da República para iniciar essa redemocratização que hoje cobre de lama e petróleo sujo o Brasil inteiro.
De todos que abriram e vão abrir a boca nesta CPI, na Polícia Federal, no Ministério Público, na barra de qualquer tribunal, o único que merece crédito pelo que diz e pelo que joga na pá do ventilador é Paulo Roberto Costa.
O resto é o resto. Merece ser investigado. E punido. Duela a quien duela, diria o anti-herói Caçador de Marajás, aquele que um dia botou na cabeça que tinha aquilo roxo.
Paulinho da Petro tem crédito nesta hora, não porque seja um poço de dignidade; sim, porque ele é um delator premiado; se ele mentir não sai nunca mais da cadeia. Morre lá dentro.
Paulinho da Petro morre lá dentro, não porque não possa passar o Natal em casa com a família; não porque não possa dar uma saidinha no Dia das Mães...
Paulinho morre lá dentro, porque é um arquivo ainda vivo, prestes a ser um arquivo-morto, como acontece no cinema, em filmes de gangsteres, nos filmes de máfia.
Diante desse espetacular roteiro policial, parece até que Alfred Hitchcock renasceu para anunciar uma versão muito mais pesada e perigosa do seu velho e simplório sucesso "O Homem que Sabia Demais".
Paulo Roberto Costa é o James Stewart do Petrolão. O suspense fica por conta de quem vai poder salvar a Dóris Day. Os produtores associados precisam inventar um Happy End. Investiram muito dinheiro nessa pornochanchada.