Surrada, a fábula do jacaré e do escorpião continua valendo. Em política então, nem se fala. Como o brasileiro tem memória curta, rememora-se. Foi assim: o escorpião precisava atravessar o rio. Chamou o jacaré e lhe pediu:
- Ei, jaca, me dá uma carona?
- Tá doido, eu boto você nas costas, você me morde a nuca...
- Quié isso, companheiro? Não sou ruim assim.
- Tá bom, eu levo você... - convenceu-se o jacaré. O escorpião saltou em suas costas. A travessia foi feita. Já na margem, ao invés de agradecer o favor e a confiança, o escorpião dá-lhe uma picada mortal. O jacaré, morrendo, ainda quis saber:
- Por que você fez isso?...
- Sei lá, é da minha natureza.
Disse e afastou-se, sem qualquer sentimento de culpa, enquanto o jacaré fechava os olhos para sempre.
Na política a vida imita a fábula.
Naquele dossiê paulista que o Zé Serra disse outro dia que o mandante foi Aloízio Mercadante, Lula descobriu os "aloprados do PT"; naquele outro dossiê, contra dona Ruth Cardoso, Lula assim que deu no jeito, nomeou Erenice Guerra, a autora do banco de dados, chefe da Casa Civil da República; agora, um dossiê inexistente derrubou o jornalista Luiz Lanzetta da armação dos palanques. Ele foi abatido pelo fogo amigo e cruzado de Palocci e Pimentel.
Moral da história - Surge, assim por acaso, a grande injustiçada Dilma Dossiêff. Aí, Lula não pode fazer nada: picadura é da sua natureza.