Até gostou do desempenho dos brasileiros, mas continua emburrado com Dunga: - Custava alguma coisa ele ter trazido Ronaldinho Gaúcho, Neymar, Pato e Ganso para a Copa Jabulani?!?
E, sem tirar Ronaldinho da cabeça, vai se dirigindo para um jantar a luz de velas com suas três secretárias, exímias executivas, enquanto se pergunta assim como quem pergunta para o jornalista Jesus Afonso, seu correspondente no Brasil: - Só aí no time da sua cidade, quantos josués, felipesmelos e juliosbaptistas você conhece?
Seu mau humor tem razão de ser: afinal, Dunga ganhou mais uma... Agora mesmo é que vai pensar que ele entende de futebol.
E entrou no hotel, doido para tomar um banho de espuma, queimando os miolos: - O Chile é uma bosta, por isso que aquele som das vuvuzelas parecia a zoeira de um mosqueiro na volta do campo.
O Garanhão acha que a vuvuzela é a mais ridícula e pobre invenção que uma Copa de terceiro mundo pode inventar: - Aquilo não tem graça, não emite uma nota musical sequer, não serve pra nada e ainda soa como se fosse abelha africana. É bem como disse aquele brutamontes verdeamarelo que estava nas cadeiras logo abaixo do meu camarote: "Vuvuzela é como bronha, só quem a está tocando é que acha graça".
Já refeito pelos sais e pela massagem tripla a que se submeteu, o Garanhão de Pelotas concluiu de si para si: - Agora sim, Dunga provou para sempre que o futebol brasileiro pode se dar ao luxo e ao desplante de ter um Dunga como técnico.
E foi pensando pelo corredor, ladeado por suas fiéis seguidoras, que o jogo contra o Chile confirmou mais uma verdade incontestável: entre Felipe Melo e Ramires, o melhor é Ronaldinho Gaúcho. Claro, as raízes dos Pampas, deixam fortes sinais nesse tipo de conjetura do nosso notável morador do Palácio de Garanhuns.
Ao entrar com suas parceiras de copa, mesa, cama e banho na limunise, rumo ao restaurante Moyo, em Melrose Arch, recebeu a informação de que sua encomenda já estava sendo preparada: cordeiro marroquino com molho de tomate e menta; pastéis de bacalhau de Moçambique e sopa nigeriana com camarão, leite de coco e amendoim.
Ao acomodar-se no carro, desanuviou o cenho e deu um chega pra lá na impressão de que Robinho contra o Chile nem parecia aquele mesmo Robinho do Santos: - Fez o gol e não dançou nem nada...
Deu de ombros, acercou-se das secretárias e antes de uma leve troca de nobres e generosos afagos ainda lamentou: - Pena que contra a Holanda não vamos ter Ganso nem Pato com laranja.