Outro dia, cupulando numa dessas cúpulas para divulgação de trololós como o anunciado programa Territórios da Cidadania, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, Lula reclamou do noticiário sobre suas viagens e inaugurações de licitações de obras: "É triste quando as pessoas têm dois olhos bons e não querem enxergar e têm a oportunidade de escrever a coisa certa e escrevem errado", lamentou o intocável cupulante.
Para ele, os jornais e TVs, neste início da corrida sucessória, só vem dando notícias "erradas" e "contra" o governo.
E avisou que estava "desabafando" para que o noticiário não piorasse ainda mais. E estufou o peito: "Se você se acovardar, eles vêm pra cima. Se tem uma coisa que não temos que ter é vergonha do que fizemos neste país" - gabou-se. Faz sentido, o hábito faz o monge. Num mar de escândalos, quem está acostumado, nada de costas.
E, mal contendo o ímpeto de imitar o que Hugo Chávez vem fazendo na Venezuela, reclamou da cobertura distorcida que as inaugurações de obras recebem da imprensa. "Esses dias eu fiquei triste. Inaugurei duas mil casas e não vi uma nota no jornal. Mas, quando cai um barraco, eles dizem que caiu uma casa..." - choramingou e concluiu: "...é uma predileção pela desgraça."
Lula quando lança pérolas aos porcos sempre comete pelo menos um ato falho. Para ele, há muito tempo, "barraco" é exceção, não é o que mais serve de moradia para os pobres no Brasil.
Só um pouquinho: Lula já nem vê mais do que são povoadas as favelas, os morros, as periferias. Pensa que são núcleos habitacionais de casas, apartamentos da Bancoop, de faustas residências, de mansões com caseiros por testemunha.
"Quando cai um barraco"... Isso para Lula não deve ser noticiado, afinal dentro dele não havia certamente nenhuma daquelas que ele considera "pessoas não comuns". Para ele, barraco não é casa; nem notícia.