A decisão da Justiça de prender Zé Beto Arruda e seus panetoneiros - ainda que seja de vida breve - não foi tão supreendente nesse Brasil Da Silva, paraíso de impunidade descarada, quanto foi arrasadora para a moral da nação a reação do presideus Lula diante da "ousadia" dos julgadores ao mandar prender "um governador de estado".
Lula se disse "inconsolável"e se mostrou "irritado" com o efeito externo que a decisão dos 15 juizes de melhoridade do Superior Tribunal de Justiça poderia "causar lá fora".
Isso nem foi reação, foi apenas um ato falho. Lula descuidou-se e revelou a pior face do grande democrata que há dentro dele: sentir-se ameaçado em seu poder absoluto; ser relegado à condição comum de, por jurisprudência, perder a imunidade e a impunidade.
A contrariedade de Lula pela prisão de Arruda, não é por Arruda, é pela classe de gente "não comum" que ele representa. A irritação de Lula identifica a fraqueza de um caráter que se fortalece com a corrupção desabrida e a banalização do escândalo.
Há um misto de medo e desconforto na atitude do presideus: o temor é que a prisão de Arruda reserve um efeito cascata nos julgamentos de meliantes travestidos de políticos; o desconforto é pelo desgosto de ser obrigado a engolir a realidade de que o poder não é uma exclusividade sua.
Essa inconformidade e esse desconsolo do presideus brasileiro nos mostram claramente o que Mestre Lula - num desses dias em que desce dos céus à Terra - queria dizer quando se comparou humildemente com Getúlio Vargas.
O mar de lama que banhava aquela ditadura comandada por Gregórios et caterva era apenas o prenúncio do dilúvio de desmoralização e escândalos que afoga esse governo de Dirceus et mensaleiros, Arrudas et panetoneiros.
O grande risco de Arruda, agora que o presideus manifestou-se como seu amigo bom e batuta, não é a cadeia; seu grande risco daqui pra frente é enfrentar o ciume e a inveja de Dirceus e Dilmas, seguidores de "canina fidelidade" ao grande arquiteto desse país que já vê ameaçada a sua cultura de impunidade.
A reação do presideus não poderia ser mais demolidora para um estado de direito, ordem e progresso do Brasil que, pelo menos dessa vez, poderia abrir os dois postigos da janela para ver o horizonte por inteiro.
Irritar-se com a prisão de um quadrilheiro, de um mentiroso contumaz, de um rufião da coisa pública, de um enganador do povo precisa ter pelo menos a utilidade pública de nos revelar o quanto é lamentável para uma figura popular e populista como Lula ambicionar de tal forma o poder que chegue ao ponto de perder a própria liberdade, o próprio caráter para desfrutar o gozo do mando e da força.
Essa prisão de Arruda é um leve corte no tecido político impune desse Brasil Da Silva. Mas, pode servir como modelo de que o poder não é um direito, apenas um dever de quem o exerça no contexto da lei.
Mais do que uma lástima, é um perigo saber que o país é dirigido por alguém que, pelo poder, se deixe arrastar por aqueles que contaminam a nação, o pobre povo que está onde Lula diz que ele está, com uma consciência coletiva de hipocrisia e imoralidade que se cobre com o manto da impunidade.
O Lula que chegou ao poder não é o mesmo Lula que exercendo o poder virou presideus. Ele não sabe e nem consegue impor moderação à própria força. O Lula de hoje não tem a cara de ontem.
É um artista tirano, um pintor despótico que dá pinceladas de democracia ao seu governo absoluto.
Quem não é da matilha dos "cães fiéis" percebe com nitidez que hoje o popularesco Lula só admite duas formas de governar: pela força ou pela farsa. Há quase oito anos, Lula vem governando o Brasil dos dois jeitos.
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