Pois bem, depois de mais de 40 dias de férias circulando entre Lisboa, Brasília, Rio de Janeiro, Pelotas, Brasília, Lisboa e Roma de novo volto a este aprazível nosocômio (!) em busca de calor para suportar o três-em-um romano, ou seja, vento, chuva e frio tudo ao mesmo tempo.
Dando uma geral nos noticiosos italianos e conversando com o meu barbeiro romano, que atende pelo simpático nome de Pepino, fico sabendo que o ex-guerilheiro Cesare Battisti transformou-se num fio desencapado dando choque em juristas e governantes italianos e brasileiros que divergem sobre a essência de execuções, se políticas ou não.
Quarta-feira, 28, saberemos se o jornal romano Il Tempo tem força, pois há alguns dias promove uma campanha para realizar uma grande manifestação pelo retorno de Battisti a Itália. Se tudo der certo (para eles) um protesto agitará a Piazza Navona onde se localiza a embaixada brasileira. Os turistas terão o que fotografar, sem dúvida nenhuma.
Na revista Isto É nº 2045 do dia 21 deste mês li matéria na página 46 com o título "A Cesare o que é"... Governo liberta e dá asilo a escritor italiano acusado de terrorismo.
Lá pelas tantas a matéria assinada pelo jornalista Hugo Marques, por sinal um bom papo em Brasília, vejo que entre as justificativas para dar o asilo está a seguinte: na conversa entre o ministro da Justiça Tarso Genro e o presidente Lula o governo brasileiro procurou sustentação para conceder o asilo político a Battisti.
Tarso Genro entende que o Estado italiano não ofereceu oposição a alegada conotação política aventada pelo ex-guerilheiro. Entre aspas – deles lá ...- entende o governo brasileiro que a sentença italiana que condenou Battisti diz que ele agiu com a finalidade de subverter a ordem do Estado e que tinha como objetivo subverter as instituições e fazer com que o proletariado tomasse o poder.
Pois bem, Cesare é acusado de participar em quatro execuções na tal busca do poder. Entre as vítimas está um padeiro. Como não tive e nem tenho competência jurídica para transpor e entender as sutis armadilhas da legislação internacional ou bi-nacional, sem falar na esfinge que me parece ser a filosofia do Direito, confesso que não entendo como a morte de um padeiro tem conotação política, desde que com a finalidade de subverter a ordem do Estado.
Ou o padeiro era muito importante além da profissão biblica que exercicia, ou eu de fato estou em outra freqüência...
Sendo assim, fui... conversar com a mulher do Rui!
(Carlos Eduardo Behrensdorf - Roma, janeiro de 2009)