O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

26 de jan. de 2009

L'OSSERVATORE PIANÍSSIMO - Carlos Eduardo Behrensdorf.

Vovó já dizia que “... quem tá com frio sempre aparece!”.
Vovó sabia das coisas.
Pois bem, depois de mais de 40 dias de férias circulando entre Lisboa, Brasília, Rio de Janeiro, Pelotas, Brasília, Lisboa e Roma de novo volto a este aprazível nosocômio (!) em busca de calor para suportar o três-em-um romano, ou seja, vento, chuva e frio tudo ao mesmo tempo.

Dando uma geral nos noticiosos italianos e conversando com o meu barbeiro romano, que atende pelo simpático nome de Pepino, fico sabendo que o ex-guerilheiro Cesare Battisti transformou-se num fio desencapado dando choque em juristas e governantes italianos e brasileiros que divergem sobre a essência de execuções, se políticas ou não.

Quarta-feira, 28, saberemos se o jornal romano Il Tempo tem força, pois há alguns dias promove uma campanha para realizar uma grande manifestação pelo retorno de Battisti a Itália. Se tudo der certo (para eles) um protesto agitará a Piazza Navona onde se localiza a embaixada brasileira. Os turistas terão o que fotografar, sem dúvida nenhuma.

Na revista Isto É nº 2045 do dia 21 deste mês li matéria na página 46 com o título "A Cesare o que é"... Governo liberta e dá asilo a escritor italiano acusado de terrorismo.
Lá pelas tantas a matéria assinada pelo jornalista Hugo Marques, por sinal um bom papo em Brasília, vejo que entre as justificativas para dar o asilo está a seguinte: na conversa entre o ministro da Justiça Tarso Genro e o presidente Lula o governo brasileiro procurou sustentação para conceder o asilo político a Battisti.

Tarso Genro entende que o Estado italiano não ofereceu oposição a alegada conotação política aventada pelo ex-guerilheiro. Entre aspas – deles lá ...- entende o governo brasileiro que a sentença italiana que condenou Battisti diz que ele agiu com a finalidade de subverter a ordem do Estado e que tinha como objetivo subverter as instituições e fazer com que o proletariado tomasse o poder.

Pois bem, Cesare é acusado de participar em quatro execuções na tal busca do poder. Entre as vítimas está um padeiro. Como não tive e nem tenho competência jurídica para transpor e entender as sutis armadilhas da legislação internacional ou bi-nacional, sem falar na esfinge que me parece ser a filosofia do Direito, confesso que não entendo como a morte de um padeiro tem conotação política, desde que com a finalidade de subverter a ordem do Estado.

Ou o padeiro era muito importante além da profissão biblica que exercicia, ou eu de fato estou em outra freqüência...

Sendo assim, fui... conversar com a mulher do Rui!
(Carlos Eduardo Behrensdorf - Roma, janeiro de 2009)