TABEFE NO ELEITOR
Na Câmara Municipal de Franca, interior de São Paulo, um vereador chamado de ladrão por um marceneiro que se meteu naquele antro, deu um bofetão de mão virada na cara do indignado cidadão.
O impetuoso edil, decerto, não gostou de ser descoberto. Deu o tapa e, covardemente, foi dando as costas e saindo todo airoso da cena deprimente.
O trabalhador que apanhou não revidou. Saiu à cata dos óculos que saltaram longe. Ao que se sabe, já disse a quem interessar possa que não vai dar queixa.
Quer dizer, parece que está achando que mereceu o tapa. O que será que esse sujeito disse quando chegou em casa?
Cara, se eu fosse ele teria me dependurado naquele gravata do colérico vereador e, medroso como só ele, eu sairia correndo com o patife de arrasto pelo menos até o meio da rua.
Como sou bonzinho, chamaria uma ambulância, para livrar o valentão de morrer engasgado.
E sabe lá você porque eu teria puxado o vereador pela gravata, ao invés de enfiar-lhe a mão na cara? Por que meu pai sempre me dizia, "meu filho nunca mete a mão em porcaria"! Pronto, só por isso.
RODAPÉ - Nos meus tempos de Faculdade de Direito, nunca, jamais concluídos, um delegado de Polícia era meu colega de aula.
Um dia, falando sobre brigas de rua e o instituto da legítima defesa, o experiente policial me disse com a maior simplicidade: "Olha em volta, vê se tem gente olhando e grita bem alto: ladrão é tu!... E aí enfia a mão na cara do trouxa". Eis aí, a legítima defesa da honra. Cheia de testemunhas.
Voltando à vaca fria, lá na Câmara de Franca, ninguém ouviu o eleitor indignado aquele gritar "ladrão" para o possante e destrambelhado vereador. Fica tudo agora na palavra do vereador contra o eleitor esbofeteado. pena que não haja, dentre eles, nenhum delator premiado.
MORAL DA HISTÓRIA - Taí ó, violência gera violência. Ou, quem com tapa fere, com uma gravata será ferido.