Trento
Em Trento, uma cidade simpática até mesmo com chuva, restaurante não tem turistas e não se corre o risco de ser fotografado, a praça é praça.
Enfim, uma cidade tranquila. Trento é famosa pois, além do grande concílio que sediou, Benito Mussolini começou sua vida de jornalista também nesta pacata cidade.
O Concílio de Trento, realizado de 1545 a 1563, é considerado um dos três concílios "fundadores" da Igreja Católica. Foi convocado pelo Papa Paulo III “para assegurar a unidade da fé e a disciplina eclesiástica.
À época, a Igreja Católica enfrentava na Europa a Reforma Protestante, e por isso ficou conhecido como Concílio da Contra-Reforma e foi o mais longo conclilio da história da Igreja, estruturando suas “baterias” em oposição ao protestantismo.
Emitiu decretos disciplinares e especificou as doutrinas católicas quanto à salvação, os sacramentos e o cânone bíblico, em oposição ao protestantismo. Unificou o ritual da missa (Missa Tridentina) abolindo as variações locais. Regulou as obrigações dos bispos. Confirmou a presença de Cristo na Eucaristia.
Foram criados seminários como centros de formação sacerdotal e reconheceu-se a superioridade do papa sobre a assembléia conciliar.
E mostrando que não estavam para brincadeiras, os participantes do Concilio instituiram o índice de livros proibidos (o "Index Librorum Prohibitorum") e reorganizaram a Inquisição.
E de lá pra cá, todos sabemos o trajeto até os dias atuais.
E de lá pra cá, todos sabemos o trajeto até os dias atuais.
Em Trento nasceu Chiara Lubich, criadora do Movimento Focolare, que conta hoje com milhões de seguidores em todo o mundo.
Benito Mussolini trabalhou num jornal de Trento a partir de 1908 e nesta cidade nasceram Giacomo Aconzio jurista, teólogo e filósofo, e Kurt von Schuschnigg, advogado e o último chanceler antes da Áustria ser ocupada pelo Reich alemão.
Não se surpreenda se no táxi, hotel, banca de jornal, café, restaurante ou venda de passagens de trem a conversa comece em alemão. Dependendo da cara do vivente, aí sim, entra em cena o italiano, com sotaque, e o inglês, idem. Todos se entendem.
Um item da cozinha trentina vale a pena conferir: risotos.
Há três fundamentais para os inquietos gourmets e gourmandises: aspargos e queijo brie, abobrinha com lingüiça e maçã com canela.
Há três fundamentais para os inquietos gourmets e gourmandises: aspargos e queijo brie, abobrinha com lingüiça e maçã com canela.
Os vinhos de Trento brancos ou tintos são normais e as uvas velhas conhecidas: Merlot, Pinot Noir, Chardonnay. (Trento 2009)
Travessia
Quem é da planície como fica assustado na travessia dos Alpes entrando na Aústria, chispando pela Suiça até chegar à Alemanha. Montanha grande e gelada, com cidade-zinha no sopé, me faz pensar em desenho do Walt Disney, onde a montanha tem cara feia e boca torta, e as árvores velhas falam lentamente e com voz pastosa e grossa. Mesmo assim, a paisagem que a janela do Eurostar mostra vale o preço da passagem.
A sucessão de cartões postais não é novidade para quem já passou por aqui.
Acredito que a repetição reforça as imagens.
Valem a pena ser vistas mais de uma vez.
Cada vez me convenço mais que não há imagens mais fortes do que as mostradas por uma janela de trem. As televisões que me perdoem: as janelas de trem ainda são imbatíveis. (Travessia dos Alpes, janela de trem 2009)
Munique.
Quem pensa encontrar um carnaval por aqui neste inicio de Primavera só o encontrará no Hofbräuhaus.
Travessia
Quem é da planície como fica assustado na travessia dos Alpes entrando na Aústria, chispando pela Suiça até chegar à Alemanha. Montanha grande e gelada, com cidade-zinha no sopé, me faz pensar em desenho do Walt Disney, onde a montanha tem cara feia e boca torta, e as árvores velhas falam lentamente e com voz pastosa e grossa. Mesmo assim, a paisagem que a janela do Eurostar mostra vale o preço da passagem.
A sucessão de cartões postais não é novidade para quem já passou por aqui.
Acredito que a repetição reforça as imagens.
Valem a pena ser vistas mais de uma vez.
Cada vez me convenço mais que não há imagens mais fortes do que as mostradas por uma janela de trem. As televisões que me perdoem: as janelas de trem ainda são imbatíveis. (Travessia dos Alpes, janela de trem 2009)
Munique.
Quem pensa encontrar um carnaval por aqui neste inicio de Primavera só o encontrará no Hofbräuhaus.
Na rua faz frio, venta e as despesas com o euro doem no bolso. Ao contrário de Roma - e não poderia ser de outra maneira - os alemães de Munique caminham silenciosamente pelas ruas em busca de cafés e restaurantes aquecidos. A cerveja rola em copos de tamanhos inimagináveis. Uma festa para velhos e moços. A turma do olho azul e das bochechas vermelhas nem só à cerveja se dedica por aqui. As livrarias estão cheias.
Munique é uma cidade enorme, horizontalizada, com parques e monumentos, calçadas, ciclovias e pistas de rolamento de causar inveja a qualquer cidade que se ache a rainha da cocada preta.
O que foi reconstruído no pós-guerra é de doer, tal a solidez.
O que foi reconstruído no pós-guerra é de doer, tal a solidez.
Os pontos turísticos são conhecidos e a internet existe para quem quiser imagens.
Mesmo assim me atrevo a recomendar a todos os que vierem a Munique que aceitam a sugestão dos guias turísticos: na Marienplatz, a torre dos Novos Paços exibe o carrilhão com 43 sinos e 32 figuras esculpidas. Pontualmente às 11h:00min e às 12h:00min o mecanismo é acionado. As figuras ou bonecos dos dois níveis do carrilhão dançam.
Mesmo assim me atrevo a recomendar a todos os que vierem a Munique que aceitam a sugestão dos guias turísticos: na Marienplatz, a torre dos Novos Paços exibe o carrilhão com 43 sinos e 32 figuras esculpidas. Pontualmente às 11h:00min e às 12h:00min o mecanismo é acionado. As figuras ou bonecos dos dois níveis do carrilhão dançam.
O nível superior mostra um torneio celebrado em 1558, pelo casamento do duque Guilherme V com Renata de Lorraine. O inferior é um baile dos Schaffler, os tanoeiros, os fabricantes de barris. A comemoração dos tanoeiros representa o fim da peste que atingiu Munique entre 1515 e 1517.
Só a foto não resolve.
Ou dá um pulo até Munique e filma,ou então procura um vídeo.
Agora, só uma historinha ocorrida no salão do café do hotel em Munique.
O salão não é nenhum Maracanã, mas é no estilo da terra: limpo, cheiroso, atendentes simpáticas, todas ótimas.
Só a foto não resolve.
Ou dá um pulo até Munique e filma,ou então procura um vídeo.
Agora, só uma historinha ocorrida no salão do café do hotel em Munique.
O salão não é nenhum Maracanã, mas é no estilo da terra: limpo, cheiroso, atendentes simpáticas, todas ótimas.
Pois bem, uma senhora alemã após o café, relaxadamente, lia o jornal do dia. No outro extremo do salão, sentaram à mesa dois senhores italianos, também viajantes, e começaram a falar de negócios no tradicional volume, com vários megatons acima do normal, não deixando de atender os indefectíveis celulares com toques alucinados.
Lá pelas tantas quando a zorra matinal da dupla italiana atingia um ritmo de apogeu de ópera, a alemã levantou os olhos por cima do jornal e dirigiu-se aos italianos, suavemente, dizendo em italiano claríssimo o seguinte: “Senhores, por favor...”.
Ela baixou os olhos para o jornal e continuou sua leitura.
Eles baixaram as vozes e os celulares foram ativados para o silêncio. (Munique 2009)
Eles baixaram as vozes e os celulares foram ativados para o silêncio. (Munique 2009)
Viena e Praga
Quando o dinheiro não é lá essas coisas em matéria de disponibilidade, o tempo também encolhe.
Todos sabem que ninguém conhece Viena em dois dias e Praga idem.
A gente apenas passa por elas em busca de imagens guardadas e até mesmo sonhadas.
Por isso mesmo, a idealização é quase sempre maior do que a realidade destes cenários.
Quando o dinheiro não é lá essas coisas em matéria de disponibilidade, o tempo também encolhe.
Todos sabem que ninguém conhece Viena em dois dias e Praga idem.
A gente apenas passa por elas em busca de imagens guardadas e até mesmo sonhadas.
Por isso mesmo, a idealização é quase sempre maior do que a realidade destes cenários.
Dessas cidades o que é atração turística já é do conhecimento geral, tanto por viajantes que por elas andaram e tiveram tempo e espaço para relatar, ou até mesmo pelos viajantes apressados. Nos últimos tempos os bem-editados cadernos de turismo dos jornais e alguns sites detalham em texto e imagens. Do que vi em ambas levo uma certeza: nunca o mundo ocidental foi tão igual. A globalização está nas ruas, dentro das casas, lojas, bares, restaurantes, passeios e sei lá eu mais o que...
Quem fala inglês se faz entender. Às vezes demora um pouco, mas tudo se resolve.
Na porta do elevador do hotel em Viena há o seguinte aviso: Hotel ViennArt, Achtung taschendiebe ou Be aware of pickpockets, ou seja no português nosso de cada dia, Cuidado com os batedores de carteira. Em Praga a mesma coisa.
Na porta do elevador do hotel em Viena há o seguinte aviso: Hotel ViennArt, Achtung taschendiebe ou Be aware of pickpockets, ou seja no português nosso de cada dia, Cuidado com os batedores de carteira. Em Praga a mesma coisa.
A chegada em Praga lembra um pouco a chegada no Rio de Janeiro nos aeroportos. Identificado o turista, as corridas de táxi propostas inflacionam na hora.
O negócio é fincar o pé.
A moeda oficial é a Koroa, mas o preço se ajusta com pagamento em euro.O negócio é fincar o pé.
No hotel em Viena um registro: deram-me um cartão com papagaios e tucanos anunciando: Churrascaria, the Brazilian restaurant in the heart of Viena.
Duvida? O endereço deles é http://www.churrascaria.at/ (Viena e Praga 2009)
Exercício
Uma análise comportamental muito pequena, sem profundidade, da maneira de ser de dois povos poderá ser feita se os observados forem dois motoristas de táxi: um alemão em Berlim e um italiano em Roma. Em menos de duas horas sentimos a diferença entre um e outro no desempenho da mesma profissão.
Às sete da manhã de saímos de Berlim para Roma. Marcou-se o táxi na noite anterior para as 04h30min. Abrimos a porta 04h25min e lá estava ele. O motorista era um redondinho de ótimo aspecto deu bom dia em alemão, ouviu a minha resposta também em alemão e apelou para o inglês... Depois de organizar as malas como se fossem dele, rumou para o aeroporto.
Em várias esquinas desertas obedecia ao sinal vermelho com a maior tranqüilidade.
Ao chegarmos ao aeroporto abriu a porta, colocou as malas na calçada e desejou uma boa viagem.
Chegando à Roma uma hora e vinte, uma hora e trinta depois, ao sair para apanhar táxi fui ao primeiro da fila. Quando falei, o motorista explodiu num sorriso e anunciou: ”É brasileiro? Sua terra é a mais bonita do mundo!”. Pegou o carrinho e se mandou.
Em várias esquinas desertas obedecia ao sinal vermelho com a maior tranqüilidade.
Ao chegarmos ao aeroporto abriu a porta, colocou as malas na calçada e desejou uma boa viagem.
Chegando à Roma uma hora e vinte, uma hora e trinta depois, ao sair para apanhar táxi fui ao primeiro da fila. Quando falei, o motorista explodiu num sorriso e anunciou: ”É brasileiro? Sua terra é a mais bonita do mundo!”. Pegou o carrinho e se mandou.
Nos primeiros metros resolveu me dizer mais não sei o que, rodou com o carrinho e lá se foi uma das malas. Deu uma risada, acho que disse que “essas coisas acontecem” e colocou a bagagem, a olho... E como um velho conhecido começou a falar.
Conversou, conversou, conversou, contou sua vida no Brasil, o casamento que não deu certo – foi traído – e apesar dos avisos passou do endereço. Não foi problema, fez uma rápida contramão de ré e parou em cima da calçada, descarregou as malas e se foi.
Tanto o alemão como o italiano cobraram o que o taxímetro marcava. Confesso: para o alemão dei um euro de gorjeta e ele polidamente agradeceu. O italiano não cobrou os 80 centavos a que tinha direito. Riu e disse que era por conta da mala que caíra. (Berlim e Roma 2009)