Todo homem é aquilo que são os seus companheiros. Isso, o PT não consegue esconder.
DIREITO DE AMPLA INCRIMINAÇÃO
A verdade é a sua liberdade.
Nesses últimos 12 anos de democracia da Silva, o governo e os seus governantes botaram fé na elasticidade do preceito jurídico de "direito à ampla defesa".
E, não raro, quando seus companheiros se deram mal nas últimas barras de tribunais, lhes viraram as costas, jogando-os no ostracismo. Não, sem antes mandar-lhes a senha do silêncio conivente: "Tamo junto nessa, companheiro!". O sinal do cala-te boca!
Hoje, a porca torce o rabo, o feitiço vira contra o feiticeiro e os companheiros desamparados descobriram a alavanca jurídica que lhes permite mudar o mundo bunga-bunga que lhes foi privado: o "direito à ampla incriminação".
Mais do que jurídica, os denunciantes estão achando essa ideia implícita na delação premiada uma coisa pra lá de legal. Não só os delatores dão o troco à parceria boa e batuta que os apunhalou virando-lhes as costas, como têm o selo de credibilidade que o acordo lhes garante: a verdade é a sua liberdade.
A força do acordo é tanta que não há como, no confronto de acusações e negativas, os companheiros denunciados se apresentarem como mártires de uma carga pesada de injúrias, difamações e calúnias.
Os delatores premiados não têm outro caminho que os livre da prisão, a não ser a verdade. Não é porque sejam bonzinhos; é porque nenhum deles tem vocação para ser bode expiatório.
Já os velhos companheiros maus e matutos que eles acusam têm duas saídas: mentir ou confessar. Confessar, todo mundo sabe que eles não vão fazê-lo nem que a vaca tussa! Mentir, eles vão fazer normalmente, como é da sua natureza.
O diabo é que nesse caso não adianta "fazer o diabo" porque a gente sabe que Abraham Lincoln tinha razão: "Pode-se enganar alguns por algum tempo; a muitos por muito tempo; mas não se engana a todos o tempo todo".
Qualquer dia você vai entrar num desses palácios, ou na sede do seu partido e só vai ter mergulhador de aquário lá dentro. É que a mentira tem perna curta.
No quadro de hoje, a senha da Omertá abrasileirada "tamo junto nessa, companheiro!" cai de quatro e sai pastando diante da expressão da blindagem que hoje cobre os delatores premiados com a contrassenha "juro falar a verdade, só a verdade, nada mais que a verdade".
IMPRENSA NUA E CRUA - Nosso caráter é o resultado da nossa conduta. Se, por medo ou vergonha, negamos o que fazemos, não temos caráter. Por força da lei de delação premiada, não vejo caráter nos delatores e muito menos em quem nega o que não tem como negar. Não acredito na remissão dos pecadores; creio no poder de coerção da regra que impõe a verdade. O delator deixa de ser um reles maria vai com as outras; ele deixa de ser o prostituto dos autos. Viva o instrumento da delação premiada!