O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

12 de nov. de 2008

LA NOSTRA FONTANA AZURRA

L'OSSERVATORE PIANÍSSIMO
Carlos Eduardo Behrensdorf

“I had a dream”

No maior USA style eu tive um sonho que me levou a imagens nunca vistas na Terra de Macunaíma, mas, prepare seu coração, poderão ocorrer.

Em minha viagem onírica (ai...) vi o presidente eleito dos Estados Unidos Barack Obama em Brasília, adentrando (ui...) no Congresso Nacional amassado e empurrado por um bando de papagaios de pirata. Vi também uma efervescente happy hour na embaixada americana imersa num mar de botox e implantes dentários.

No Rio de Janeiro lá estava Obama diante das passistas da Mangueira e suas tremebundas (opa...) evoluções sambísticas. Ele recebia do prefeito uma camiseta do Flamengo e diante das câmeras e microfones da Globo dizia,: “Muiiinntou obrrrrigaduuu”.Galvão Bueno foi à loucura e a vinheta global rebentou meus tímpanos: “Brasil-íu-íu!!!!!!”

Mudando o cenário, lá estava “baracobâma” – como dizem os elétricos locutores das rádios italianas – cochilando diante de um interminável desfile dos vagarosos Filhos de Gandhi. O ilustre visitante (epa) acordou assustado com o bate-bate repetitivo do Ylle-aiê. E acordado ficou sem entender os pulos e gritinhos de Ivete Sangalo e do Gilberto Gil desfilando num trio elétrico.

Não consegui ver com clareza a visita à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Todas as imagens sofriam a interferência de uma estranha criatura de óculos e levemente esbranquiçada que repetia sem cessar com aquele inimitável sotaque paulistano: “Ele me conhece, é amigo do Pita...” Seria o Paulo Maluf?

No Rio Grande do Sul pouco ou quase nada vislumbrei, tal a fumaceira de centenas de fogo-de-chão... Ao longe alguém declamava, aos berros, “Velha faca’” ou qualquer coisa no gênero. Meus ouvidos captaram vários “oigalê tchê, te aproxima...

Acordei suando, dei uma trombada no pé da cama e fui pra baixo do chuveiro para cair na real.

Na sala, a televisão italiana mostrava Berlusconi sorridente, com um cabelo cor de cobre, ao lado do também sorridente Lula este com um cabelo bem ajeitadinho. Não sei por que me lembrei do titulo de uma chanchada da Atlântida ou de um espetáculo do teatro rebolado carioca: “Rico ri à toa". Os dois presidentes estavam cercados pelos também sorridentes Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Emerson, Dida & Cia e outros gênios da raça futebolística “brasiliensis”. Só faltou o Cafu.

O nível da confraternização alcançou as fronteiras da perspicácia (eba) dos ricos&famosos, pois todos devem ter dado o máximo de suas forças pela vitória das nossas cores!
Me mandei! (Carlos Eduardo Behrensdorf, de Roma)

ABOBRINHAS

1. Diante do Palácio Pamphili na Piazza Navona em Roma, endereço da embaixada brasileira, dois belos carros prateados estacionados: um Toyota e um BMW. Vieram do Brasil, mais precisamente de São Bernardo do Campo, ambos movidos a etanol, e transportam Lula e seus seguros assessores que o acompanham de perto.

2. “Como em italiano “GN” soa como ‘NH” apresentadores de TV, locutores de rádio e mestres de cerimônia de atos oficiais com a presença do presidente brasileiro a ele se referem, quando dizem seu nome completo, como ”... o presidente Luis Inhácio”.

(Carlos Eduardo Behrensdorf, de Roma)