O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

21 de mar. de 2013

POR ONDE PASSA A PROCISSÃO
De sábado passado a quarta-feira desta semana transitei na minha cidade de Pelotas pelas cercanias do meu velho colégio São Francisco de Assis, dos mendolates e puxa-puxas feitos pelas freirinhas daqueles bons tempos.

Atravessei todo o santo dia a Praça Cel. Pedro Osório e andei pela rota onde um dia foi a Confeitaria Nogueira e a Joalheria Levy Franck; caminhei pela Floriano, gostei da cara com que a Santa Casa de Misricórdia me olhou; fui e vim pelo Calçadão, pela Osório quase que de ponta a ponta; repassei um pouco da minha Barão de Santa Tecla, onde passava o bonde que me levava à escola; relembrei-me de fio a pavio pela Deodoro como se tivesse ainda o canalete cercado de flores.

Circulei a pé pela Avenida Bento Gonçalvez; passei pelos estádios do Farroupilha, do Brasil e do Pelotas; fui aqui e ali; entrei e saí do Café Aquário nem tão depressa como se estivesse fugindo, nem tão devagar que pudesse denunciar o desejo de parar; andei sempre mais ou menos por onde passa a procissão. Olhei de longe e de soslaio para a Catedral de São Francisco de Paula e até me lamentei um pouco por não ser o De Assis - já que assim teria mais representatividade com o Francisco que hoje é Papa.

Saí com saudade da outra cidade de Pelotas que deixei, entre idas e vindas, há mais de três décadas. Não que ela tivesse então muito mais que o ar impoluto e altaneiro da velha Princesa do Sul; sim, porque minha cidade não tinha então essas feições entristecidas de quem pediu para o mundo parar que ela queria descer.

Há por aí, muitas esquinas abandonadas, muitos janelões fechados, muito vitrôs sumidos à francesa e todas as praças esquecidas...

Desta vez não fui ao Laranjal. Quero pensar que talvez tenha perdido a melhor parte da minha cidade. Eu me sinto melhor assim. Pelo menos o Laranjal vai continuar sendo como eu gostaria que ele estivesse agora. O resto está bem perto de ser e estar como eu não gostaria de ter visto a "minha pátria pequena que deixei aí no Sul".