O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

7 de mar. de 2013


Leia o Diário Oficial da União
Você vai acabar descobrindo o governo que tem

Leia o Diário Oficial da União. Você vai acabar descobrindo, a cada página, a cada edição, o governo que tem. Agora mesmo o Ministério da Agricultura e Agropeculiaridades baixou uma decisão que acaba com a obrigatoriedade do selo de qualidade do café. Simplesmente revogaram - pode ler anularam - o Controle de Qualidade - leia Padrão de Qualidade - do café.

Isso quer dizer que a olho nu ninguém mais vai poder diferenciar, desculpe o mau jeito, se está usando borra ou uma porra de café.

E adivinhe só quem agradece ao ministro Mendes Ribeiro pelo seu jamegão na Instrução Normativa n° 7 de 22 de fevereiro de 2013? Ninguém mais nem menos do que Takamitsu Sato, presidente da ABIC organismo dos capitães da indústria do café nesse Brasil izoneiro.

Profundamente sensibilizado Takamitsu agradece a canetada de Mendes Ribeiro que tira "por completo" do Ministério a tarefa de exercer a norma n° 16 que regulamentava o café torrado e o moído.

É que Mendes atendeu aos insistentes pedidos da ABIC para que tirasse o chapéu e cantasse o bolero "El Sombrero". E na letra da música - uma canção de amor à velha amizade - está a exaltação ao Selo de Pureza que, agora sim, vai acabar com a "fraude e o uso de impurezas", ao mesmo tempo em que vai trazer "confiança e tranquilidade" ao setor.

Pense bem nisso: o que é mesmo que, até agora, o Ministério estava permitindo que servissem aos brasileiros que tanto gostam de café com pão e manteiga de manhã e cafezinho com pão de queijo à toda hora?!?

O presidente Takamitsu não sabe, ou parece que não sabe, como agradecer aos indigentes esforços dos "companheiros responsáveis pela área do café no Ministério", o Dr. José Carlos Vaz, Secretário Executivo do MAPA; o Dr. Edilson Alcântara, Diretor do Departamento do Café, bem como, o Secretário de Defesa Agropecuária, Dr. Ênio Antonio Marques Pereira e o Dr. Fábio Florêncio Fernandes.

E o representante dos cafeícultores, torradores, moedores e coisas quetais da coisa privada também exalta que o alijamento do Ministério na qualidade do café foi baseado  "em uma extensa e detalhada avaliação dos seus efeitos para o setor, elimina o caráter subjetivo da análise sensorial que existia como parâmetro da norma, cuja execução a nível nacional exigiria elevados investimentos em formação de laboratórios e técnicos treinados permanentemente, sem que se assegurasse resultados confiáveis ao final, prejudicando tanto os consumidores quanto os produtores, fornecedores e industriais".
Por tudo isso e mais um pouco a ABIC reitera então o seu "compromisso de ampliar o escopo e a abrangência de seu programa Selo de Pureza, para monitorar a pureza do café existente no mercado, bem como, desenvolver todos os esforços para que o consumidor brasileiro seja servido por cafés de qualidade cada vez melhor, contando para tanto com a colaboração e os esforços conjuntos de todos os setores do agronegócio e do varejo supermercadista e o atacado".
E assim é que agora a coisa vai. Só não se sabe o que vai acontecer com o pessoal da Secretaria de Defesa Sanitária do Ministério - técnicos, agrônomos, servidores concursados e qualificados - que vinham cumprindo de tal forma as determinações do controle de qualidade do café que agora foram trocados pela garatuja do ministro de plantão numa Instrução Normativa que dá aos que plantam, industrializam e distribuem o poder de dizer se o café está bom ou ruim para o brasileiro beber e sair dirigindo por aí.
 
Talvez tirem o ministro para dançar o bolero "El Sombrero" nos amplos e agora desnecessários salões do Ministério. Enquanto isso, a raposa fica cuidando do galinheiro.