O Natal já passou. E apesar dessa gente há de ser outro dia. Mais um ano ruim se esvai para dar vez ao velho Ano Bom de sempre. E a pantomima é só um repeteco, porque os homens se repetem nos homens. E as mulheres, também.
Então não espere vassoura nas mãos de quem prefere fazer faxina com um inofensivo e pantomímico espanador de pó. Não só a pandilha, mas os sevandijas continuam os mesmos. Antes de cair o pano, a rotunda desse grande teatro de tragédias anunciadas serve de fundo para revelar que também os escandalos se repetem nos escandalos.
E já não fazem o povo chorar. A platéia tem frouxos de riso diante dessa grande comédia que o governo dirige levando o Brasil a um Estado escatológico em que os poderes constituídos são meros coadjuvantes de quinta categoria. Tão escaólógico que, contraventores do jogo do bicho, já nem lavam mais dinheiro. Sujam: guardam milhões de reais em canos de esgoto.
O último ato desse infeliz 2011 traz à cena as mazelas do Judiciário. Uma corregedora, magistrada de maquiagem impoluta promove a devassa no Judiciário e logo é cercada por doutos artistas de capinha nas costas, sem vendas nos argutos olhos gordos e espada nas mãos.
É o grand finale dessa peça pregada à nação conduzida pela primeira-mulher-presidenta em nome do Seu Encarnado, aquele que não desencarna.
Os revoltosos e indignados dignos senhores dos anéis que declinaram da missão im/possível e se livraram da capa de defensores dos fracos e oprimidos para se coalizarem aos amos e senhores, amas e senhoras dos poderes, juntam-se no maior bloco de descontetes que a Justiça já desvendou nesse país carnavalesco e lutam com notável denodo contra o vilipêndio de serem investigados e fiscalizados como qualquer cidadão comum de uma democracia decente e verdadeira.
Acusados de "bandidos de toga" e jurando que não vendem sentenças e nem integram a máfia de capa, espada e venda que sucumbiu à maquiavélica e perniciosa "estratégia de coalizão pela governabilidade" que Lula infiltrou na sociedade brasileira, querem transformar a heroína do espetáculo numa dantesca figura de bandida togada. E vão conseguir. Comme d´habitude.
A platéia vai morrer de rir, antes que - no final mais previsível - a mocinha morra em cena.
Não há moral de história nessa ópera bufa. Trata-se apenas de mais um plágio. Descobre-se no roteiro a cópia descarada de tudo quanto deu origem aos primeiros atos da encenação tragicômica que entrou em cartaz com o pomposo e popularesco nome de "Dilma, a Faxineira".
Uma peça em que, para dar consistência e continuidade ao enredo, alguns personagens foram sendo eliminados do espetáculo: cortaram a cabeça de Palocci, depois foi Jobim que se mandou; caiu Pedro Novais no Tunguismo; Alfredo Nascimento, por Transporte de Valores; Orlando Silva, por Esporte; Wagner Rossi, pelos negócios agropeculiares... Ficaram nesse grande palco tragicômico todos os seus acólitos porque o show não pode parar.
É aí então que a tragédia vira uma comédia copiada.Wagner Rossi é o muso inspirador dos atores desse último ato.
Os juízes de agora, ao repudiarem com veemência teatral a desonra de serem fiscalizados, apenas cometem o cândido plágio do filosófico Rossi que, no seu primeiro dia como ministro da Agricultura ungido por Michel Temer, decretou o fim da fiscalização no Ministério:
- Minha gestão não admite fiscalização. Isso é coisa dos tempos policialescos! - discursou então de improviso e sem escrever para os funcionários graduados, implantando a libertinagem geral.
E tudo deu no que deu. Rossi, sufocado pelas denúncias de corrupção, desvios de verbas, propinas, formação de quadrilha, saiu de cena. Sozinho. Seus agentes de malfeitos ficaram todos. O ministério é hoje um reduto de malfeitores bem acomodados no meio de servidores de carreira, concursados, qualificados e manietados.
Assim é que os ministérios também se repetem nos ministérios. Hoje, a elite dos magistrados da República, apenas seguem os passos do grande Rossi.
Para os intérpretes da Justiça, fiscalização é coisa de regimes policialescos. O importante é julgar. Desde que apenas eles mesmos julguem. Demore lá o tempo que demorar. A Justiça tarda e falha. E todos são iguais perante um magistrado. Bons e maus; culpados e inocentes; mocinhos e bandidos.
Nesse último ato revela-se o culpado do triste espetáculo. Como já se suspeitava, ao correr do script, o grande vilão é o jornalismo investigativo e persecutório.
Para que se tenha um exemplar final feliz, sai dos camarins para as luzes da ribalta o algoz que, com o codinome de Marco, vai prender e arrebentar com a bandidagem da imprensa que usa liberdade de credo e pensamento como expressão.
A platéia já sabe por extenso o nome de batismo do carrasco. Ele se assina, com muito prazer, Marco... Marco Regulatório das Comunicações.
No fundo, no fundo, os brasileiros vão concluir que é tudo pantomima. Puro jogo de cena. O esperado 2012 não vai trazer nada de novo. Talvez a grande inovação seja que os doutos corruptos - só os corruptos - se repitam nos contraventores: não lavem mais dinheiro, apenas sujem. O show tem que continuar.
Então não espere vassoura nas mãos de quem prefere fazer faxina com um inofensivo e pantomímico espanador de pó. Não só a pandilha, mas os sevandijas continuam os mesmos. Antes de cair o pano, a rotunda desse grande teatro de tragédias anunciadas serve de fundo para revelar que também os escandalos se repetem nos escandalos.
E já não fazem o povo chorar. A platéia tem frouxos de riso diante dessa grande comédia que o governo dirige levando o Brasil a um Estado escatológico em que os poderes constituídos são meros coadjuvantes de quinta categoria. Tão escaólógico que, contraventores do jogo do bicho, já nem lavam mais dinheiro. Sujam: guardam milhões de reais em canos de esgoto.
O último ato desse infeliz 2011 traz à cena as mazelas do Judiciário. Uma corregedora, magistrada de maquiagem impoluta promove a devassa no Judiciário e logo é cercada por doutos artistas de capinha nas costas, sem vendas nos argutos olhos gordos e espada nas mãos.
É o grand finale dessa peça pregada à nação conduzida pela primeira-mulher-presidenta em nome do Seu Encarnado, aquele que não desencarna.
Os revoltosos e indignados dignos senhores dos anéis que declinaram da missão im/possível e se livraram da capa de defensores dos fracos e oprimidos para se coalizarem aos amos e senhores, amas e senhoras dos poderes, juntam-se no maior bloco de descontetes que a Justiça já desvendou nesse país carnavalesco e lutam com notável denodo contra o vilipêndio de serem investigados e fiscalizados como qualquer cidadão comum de uma democracia decente e verdadeira.
Acusados de "bandidos de toga" e jurando que não vendem sentenças e nem integram a máfia de capa, espada e venda que sucumbiu à maquiavélica e perniciosa "estratégia de coalizão pela governabilidade" que Lula infiltrou na sociedade brasileira, querem transformar a heroína do espetáculo numa dantesca figura de bandida togada. E vão conseguir. Comme d´habitude.
A platéia vai morrer de rir, antes que - no final mais previsível - a mocinha morra em cena.
Não há moral de história nessa ópera bufa. Trata-se apenas de mais um plágio. Descobre-se no roteiro a cópia descarada de tudo quanto deu origem aos primeiros atos da encenação tragicômica que entrou em cartaz com o pomposo e popularesco nome de "Dilma, a Faxineira".
Uma peça em que, para dar consistência e continuidade ao enredo, alguns personagens foram sendo eliminados do espetáculo: cortaram a cabeça de Palocci, depois foi Jobim que se mandou; caiu Pedro Novais no Tunguismo; Alfredo Nascimento, por Transporte de Valores; Orlando Silva, por Esporte; Wagner Rossi, pelos negócios agropeculiares... Ficaram nesse grande palco tragicômico todos os seus acólitos porque o show não pode parar.
É aí então que a tragédia vira uma comédia copiada.Wagner Rossi é o muso inspirador dos atores desse último ato.
Os juízes de agora, ao repudiarem com veemência teatral a desonra de serem fiscalizados, apenas cometem o cândido plágio do filosófico Rossi que, no seu primeiro dia como ministro da Agricultura ungido por Michel Temer, decretou o fim da fiscalização no Ministério:
- Minha gestão não admite fiscalização. Isso é coisa dos tempos policialescos! - discursou então de improviso e sem escrever para os funcionários graduados, implantando a libertinagem geral.
E tudo deu no que deu. Rossi, sufocado pelas denúncias de corrupção, desvios de verbas, propinas, formação de quadrilha, saiu de cena. Sozinho. Seus agentes de malfeitos ficaram todos. O ministério é hoje um reduto de malfeitores bem acomodados no meio de servidores de carreira, concursados, qualificados e manietados.
Assim é que os ministérios também se repetem nos ministérios. Hoje, a elite dos magistrados da República, apenas seguem os passos do grande Rossi.
Para os intérpretes da Justiça, fiscalização é coisa de regimes policialescos. O importante é julgar. Desde que apenas eles mesmos julguem. Demore lá o tempo que demorar. A Justiça tarda e falha. E todos são iguais perante um magistrado. Bons e maus; culpados e inocentes; mocinhos e bandidos.
Nesse último ato revela-se o culpado do triste espetáculo. Como já se suspeitava, ao correr do script, o grande vilão é o jornalismo investigativo e persecutório.
Para que se tenha um exemplar final feliz, sai dos camarins para as luzes da ribalta o algoz que, com o codinome de Marco, vai prender e arrebentar com a bandidagem da imprensa que usa liberdade de credo e pensamento como expressão.
A platéia já sabe por extenso o nome de batismo do carrasco. Ele se assina, com muito prazer, Marco... Marco Regulatório das Comunicações.
No fundo, no fundo, os brasileiros vão concluir que é tudo pantomima. Puro jogo de cena. O esperado 2012 não vai trazer nada de novo. Talvez a grande inovação seja que os doutos corruptos - só os corruptos - se repitam nos contraventores: não lavem mais dinheiro, apenas sujem. O show tem que continuar.