Quando foi criado, há mil anos, ainda no tempo em que os brizolas falavam, ele habitava uma banca de jornais e de revistas em quadrinhos.
Ao descobrir o mundo da política, dedicou-se a praticar malfeitos. Virou uma espécie de comandante da Patrulha da Selva de Pedra, um bando de pigmeus que o ajuda em suas missões impossíveis.
O Fantasma não é um super-herói com superpoderes, ele apenas tem grande porte físico e uma enorme destreza para escapar de balas de festim.
Na Esplanada, onde circula com seus nanicos temidos por suas ligações com organizações não-governamentais que só vivem disso e só pensam naquilo, ele é conhecido hoje como O Caminheiro, O Espírito-que-Caminha.
O Fantasma é assim chamado por ter sido flagrado com a mão na massa e porque foi capaz de durante muito tempo ser um malfeitor na Esplanada, enquanto era assessor de vereadores numa cidade maravilhosa, a 1200 quilômetros de distância e, ao mesmo tempo, funcionário de uma facção partidária, na Grande Casa de Tolerância Nacional.
Nessa ridícula e histriônica versão moderna o Fantasma foi criado por um caudilho com sobrancelhas de largo espectro que o deixou de herança para um metalúrgico bem-sucedido que não desencarna e virou palestrante, hoje sem o dom da palavra, mas podre de rico que, por sua vez, o deixou como espólio para a criatura que troca vassouras
voadoras por espanadores inofensivos.
É justamente ela, antiga guerrilheira, heroína idealizada nos anos de chumbo, que sustenta essa versão brasileira do Fantasma que deu samba na Esplanada dos Mistérios por onde anda vagueando à paisana, sem a necessidade da companhia de seu cachorro Capeto e de seu cavalo, o Herói.
Anda por aí, viajando de carona em jatinhos de lobistas e ongueiros, como um homem comum, usando gravata quase sempre, mas às vezes apenas uma camisa larga e resistente o suficiente para servir como blindagem para as balas perdidas que ainda há quem gaste com ele.
Há coisa de uma semana, o Espírito que Anda declarou seu amor à criatura que manda no País das Maravilhas. Pelo visto ela acreditou. E correspondeu. Serão felizes para sempre. Só para que a história rocambolesca tenha o tradicional Happy End.
QUAL DESSES FANTASMAS ASSUSTA MAIS?
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Fantasma, o Espírito que Anda
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O Fantasma da Ópera
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O Fantasma da Esplanada dos Mistérios