Os anos voam.
Não fosse por seus esfíncters alados, seria pelos aniversários que cometemos um depois do outro, sem dó nem piedade. E ainda os comemoramos. Isso não é uma constatação. É uma notícia. Forçando um pouco mais, um furo.
Via de regra, há outras razões mais fortes que nos levam à verdadeira origem do prazer de dar o furo. A via é, não raro, esse canal gostoso e fácil de percorrer. A chamada fonte que nem precisa ser assim tão fidedigna para facilitar o furo.
É dedicado a isso que nessas horas de apreensão diante do diabólico - ou quase DEMOníaco - plano dos direitos humanos que Dilma Rouchefe da Casa Civil mandou Franklin Sinatra Martins elucubrar, que rendo minhas homenagens e encômios (!) a Remi Gorga, Filho - jornalista pelotense, cidadão-do-mundo que sabe muito bem e melhor do que ninguém da felicidade que toma conta de um repórter da terra logo depois que ele deu o furo.
E sabe você, por quê tantas, tantas angélicas emoções? / É porque já sem o luar da mocidade, / a gente vê no esquife da saudade, / passar o tempo com o cadáver das nossas ilusões. (Benção, Juliné Siqueira!).
É a essa Esfinge, Remi Gorga Filho - meu guru daqui, devorando Quito dali - que rendo essse espaço liberto e libertário.
Ai de ti, ó indecifrável ente dos sopés ruminantes de vulcões literários e páginas esvoaçantes sem patrão, que permitas o mórbido e foraz prazer de Lula, em forma de plano urdido por seus meliantes, lograr algum êxito!... Não nos flagrarão empreendendo fuga.
No máximo estaremos bordejando o jargão policialesco a poucos acessos de distância desses cães farejadores de idéias próprias, em endereços eletrônicos internacionais, longínquos o que basta para fugir da sanha e dos tentáculos desses polvos - por diminutos que o sejam - ávidos por devorar o universo dos vertebrados.
Podem desfolhar jornais; queimar livros; afogar emissoras de rádio em tsunâmis hertzianos; desintegrar imagens de TV que a gente vai estar logo ali, no infinito virtual ao lado, acreditando no que quiser acreditar; pensando na mulher do vizinho, se quiser pensar; dizendo o que bem der na telha se quiser dizer.
A internet é escorregadia, movediça, impossível de ser aprisionada nas mãos dos senhores da caça e da pesca pelos matos sem cachorro da independência individual, pelas águas profundas dos mares da soberania pessoal. Escaparemos todos sempre por entre seus dez dedos das mãos. Ou nove, vá lá que o sejam.
Aqui, ó! Aqui, pra vocês! Seus, seus... Seus "merdas" - como diria o mestre de Garanhuns a seus apóstolos. Aqui, ó! Aqui, seus, seus... Seus Lulas!
É, os anos voam. Quando a gente vê a gente passou por eles. E, nem sempre tem o que reclamar. Semos tudo brasileiro; a gente não desiste nunca.
RODAPÉ - Remi Gorga mora em Quito, no ainda Equador. Jornalista, pelotense, cidadão do mundo, torcedor saudável do Internacional de Porto Alegre, tradutor incomparável de Gabriel García Márques e de Vargas Llorca, perpetrou recentemente a versão espanhola de La Iglesia del Diablo, de Machado de Assis. Sua presença neste espaço vai acabar com Cem Anos de Solidão no jornalismo internauta que engatinha aqui pelo Sanatório Da Notícia. Seu apurado censo crítico e deslizante humor devem entrar em contato imediato de todos o graus com: saosiqueira@ig.com.br