O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

7 de mai. de 2009

NAVEGADORES DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Quando, nesse mundo, cada vez mais, a liberdade de imprensa se tornava liberdade da empresa, desceu a internet, como sal da terra e luz do mundo para salvar a pátria. Ali, o redator é o jornalista, tecladista, pauteiro, repórter, chefe de redação, redator-chefe, diretor-geral, pesquisador, navegador, investigador particular, público e notório. Dono do nariz e da verdade. Isso é mais que liberdade de expressão; é liberdade de impressão.

A liberdade - como bem sabem os de espírito lúcido - é uma das falsas verdades da democracia. Ou não seria, como explicava Montesquieu, “a faculdade de fazer o que a lei permite”. É desse conceito, inclusive, que se alimenta o chamado Direito de Resposta.

No fundo, no fundo, a liberdade é um luxo que nem todos podem permitir-se. Os que não têm medidas do quanto há de força na liberdade de expressão, cometem excessos que revelam em seus donos uma ponta de língua afiada como navalha que cortam da mãe dos outros como se fosse a própria planfa que os lamblanfou. Língua afiada, geralmente é talento agudo e cego.

No jornalismo, a liberdade de expressão só tem valor quando, pelo seu poder de formação da opinião pública, é mais amado do que temido. Essa sensação de poder é efêmera, dura pouco, vai somente até o instante em que se descobre que nada é mais nobre e respeitado do que ter a consciência e o domínio da própria liberdade de pensar e de dizer.


Nesse terreno da liberdade de expressão há uma área de fascínio pelo poder ilusório de provocação que atinge os alvos. Isso dura pouco e, quando o seu efeito pretensamente demolidor se esvai – por alcançar o fim do próprio fim – reduz a nada a força de destruição do franco-atirador, do pistoleiro de elite.

Os navegadores da internet – esse instrumento notável de libertação do pensamento e da palavra – entenderão, não demora nada, que podem naufragar nas ondas de suas próprias demasias; de sua incapacidade de perceber os riscos que correm do afogamento inevitável de sua fragilidade de homem livre e poderoso.

Da parte do Sanatório, sabe-se bem do que se está falando. Esse poder até hoje nos tenta a dizer e escrever o que bem entende-se e quer. É uma lástima esse poder que se pensa ter e que tanto cede às nossas vontades. É assim que nós tiramos a liberdade de nossa própria liberdade. Com o mundo inteiro não é, nem será diferente.

O efeito bumerangue da liberdade de expressão mostra que quem tudo diz tudo pode ouvir; quem a todos faz temer, tudo tem o que temer. A liberdade em excesso é a liberdade em cadeia.

Quando alguém abusa sistematicamente da liberdade de expressão, acaba se acostumando à ditadura de seu hábito, vira seu escravo e aprende a viver na condição de seu triste prisioneiro. É um reles escravo de si mesmo. Degradação muito pior do que se fosse súdito de todos aqueles a quem fere com o fio de sua língua.


Essa escravidão dura muito mais do que o falso poder que sua descontrolada liberdade de navegador da internet lhe oferece. Todo aquele que pretende vencer os outros com a sua verdade, inevitavelmente é vencido pelo seu próprio erro.

Só os néscios dizem tudo a todo mundo; na verdade, a vida não aproveita mais do que aqueles que sabem fazer bom uso da liberdade de expressão.

É por isso que a era dos internautas de sites e blogs vai acabar transformando a era dos modernos navegadores em tempo de velhos piratas, bucaneiros e cruéis invasores entretidos na abordagem calhorda e fétida de sua desmedida força de ataque.