O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

10 de set. de 2010

Selva política

A fauna que manda na selva política do Brasil está toda ouriçada. Os porcos e os espinhos saltitam como se hoje fosse o dia do caçador.

É que o governador do Amapá, companheiro Pedro Paulo Dias (PP), e mais 17 "pessoas não comuns" foram presas na manhã desta sexta-feira, um ensolarado e republicano dia 10. A caçada foi em Macapá, num safari cognominado Operação Mãos Limpas pela Polícia Federal. 

As aves raras são todas suspeitíssimas de integrar um bando que desviava verba pública. A revoada criminosa desviava recursos do Estado e da União. Era composta por servidores públicos, agentes políticos e empresários.

Até aí, grandes coisas. O que não falta nas selvas políticas brasileiras é governante safardana, com jeito de animal social. O que chamou a atenção de alguns desavisados - só de alguns, já que o resto não se espanta mais - é que o presideus Lula da Selva foi, no programa eleitoral gratuito lá no Amapá, o grande garoto-propaganda da feroz espécie hoje enjaulada.

Naquele campeão de audiência, sem cerimônia, sentindo-se à vontade como se estivesse em casa, entre velhos companheiros bons e batutas, Lula da Selva - o Tarzan brasileiro foi salvar a Jane que ele mesmo criou, como se fosse a sua macaca de auditório. E entã, já na pele de presideus, pediu votos para Góes e, com um grito preso na garganta, disse que Dilma Rouseff vai precisar deles: "No Amapá, vote em Waldez Góes, que está com Dilma".

Lula da Selva sabia muito bem o que estava dizendo. Mas, a peça publicitária que corre o Amapá de ponta a ponta, da cabeça aos pés, diz tudo que se precisa saber. É com esse cartaz que a gente fica sabendo a razão fundamental do apoio de Lula: "O que tá bom vai continuar". Bom pra eles.

Se fosse um história urbana, alguém diria que Lula da Selva era o pintor de quem puxaram a escada, deixando-o agarrado no pincel... Como o caso se passa na selva, Jane ficou sem o cipó, mas não consegue abandonar o Tarzan. Ziraldo, o bolsista, sabe do que a gente está falando.