É pouco provável que haja algum médico, ou quaisquer de seus organismos de classe, contra a aplicação do Revalida para estudantes de medicina brasileiros. É uma questão de triagem.
Se o acadêmico em ponto final do estudo que o transforma em médico não é capaz de acertar 72 das 120 questões de um teste com indagações tão primárias quanto essenciais sobre a saúde, então que volte para a sala de aula até aprender os sintomas de uma apendicite.
E aí, o cara é burro? Não, não é. Ele apenas estudou na faculdade errada; passou seis anos - hoje às vésperas de oito - num curso medíocre, de professores idem, sem estrutura, sem hospital, sem um cadáver sequer para examinar, talvez até sem um lugar do sistema SUS por perto para poder praticar nas cobaias da reles massa social.
E aí, a culpa é dele? A culpa é sua? Não. E também não é minha. É do governo. E do governo é a responsabilidade de prestar o serviço essencial da educação do seu povo. Não só a educação primária, mas a superior que valoriza e consolida uma nação.
Com diploma de berço, não se conhece nenhum médico clinicando por aí. Quem sabe haja alguns sobrando lá por Cuba. E se derem com os costados por aqui, só poderão errar 48 das fatídicas 120 perguntas do teste de aptidão. Tropeçou na 49ª, então que vá dançar sua rumba lá em Havana.
O governo brasileiro, não é só o governo de hoje, transferiu essa responsabilidade para a inciativa privada, como faz com tudo, sempre que pode. Hoje o Brasil conta com 111 universidades públicas e tem 143 universidades particulares, tidas e havidas - erroneamente até - como as melhores casas do ramo.
Isso faz tempo, mas só agora o MEC, por indução do Ministério da Saúde, cujo titular pretende candidatar-se ao governo de São Paulo, resolve meter a colher torta na formação de quem estuda medicina.
Tá bom, nunca é tarde demais. E antes tarde do que nunca. Só falta agora implantar o programa Revalida Minha Bolsa, Minha Vida para todos os formandos de cursos superiores existentes nessas 254 academias, formadoras de profissionais tipo assim advogados, psicólogos, dentistas, farmacêuticos, administradores de empresa, matemáticos, sociólogos, enfim, todas as áreas humanas ou científicas. Sem esquecer, evidentemente, aulas de reforço em Educação Moral e Cívica que, no 3° Grau sempre atendeu pelo codinome de OSPB.
Falta só isso, fazer o que já era para estar sendo feito desde que os padres jesuítas fundaram a primeira escola no pátio da primeira igreja que fundaram no Brasil.
RODAPÉ - Por favor que não inventem cotas raciais ou sociais para aprovação no novel programa Revalida Minha Bolsa, Minha Vida que logo estará vigorando nesse país de educação sem controle há muito tempo.