Fiz ontem o que sugeri para todo mundo. Fiquei diante da TV de controle na mão o tempo todo. A cada bola fora, mudava de canal. E foi assim que, mais uma vez, perdi tempo na vida. Estou convicto de que aprendi muito mais com Lulu Santos do que com os jogadores do Inter e do São Paulo e, mais aprendi ainda com o cantor, do que esperava aprender com os quatro candidatos à Presidência da República.
No Morumbi, o Internacional perdeu por 2 a 1 para o São Paulo, mas ganhou. É mais um campeão do quem-perde-ganha, esporte nacional de maior sucesso nos últimos anos. Vai disputar a Copa Toyota, ou coisa parecida, que vale como se fosse um título mundial.
Já no debate na TV Bandeirantes, Marina e Plínio foram coadjuvantes de dois atores principais que se encaixam no gênero que os cinéfilos chamam de canastrão. Dilma sabe que não disse nada; Zé Serra pensa que disse tudo, mas foi pouco, muito pouco, quase nada - como narraria Geraldo José de Almeida.
Ao perder a chance de entusiasmar a massa, Zé Serra concedeu a Dilma os louros do empate. Resumo da ópera bufa: empatar com Dilma é derrota. Dilma saiu ganhando.
Ah sim, a propósito, Lulu Santos tem um sucesso que diz que "Nada do que foi será / de novo / do jeito que já foi um dia / tudo passa / tudo sempre passará... Tudo que se vê não é / Igual ao que a gente / Viu há um segundo...
Lulu Santos cantando sua música só erra - e erra feio - quando diz que "Não adianta fugir / Nem mentir pra si mesmo"... Na política, quanto mais se foge e mais se mente, mais verdadeiro se parece e mais longe se vai.
RODAPÉ - O que sobrou do debate genérico de ontem foi a nítida impressão de que os candidatos estão apenas esperando para ser a próxima atração em mais um campeão de audiência: o similar da TV Globo. O eleitor não precisa esperar mais nada. Pela amostra, nenhum deles é remédio e nem tem a cura para o Brasil.