Não há um palanque, um microfone, um teleprompter que esteja por perto que não mereça de Dilma a expressão "no nosso governo", ou a gabolice "eu realizei, com o presidente Lula" para fazê-la dona de qualquer coisa que tenha acontecido ou esteja ainda no papel nesses últimos oito anos de Brasil da Silva. Do jeito que parece, Dilma não poderá assumir o lugar de Lula, depois de outubro. É que a Constituição não permite o terceiro mandato. Pelo que Dilma vem dizendo, foi ela quem governou o país até agora. Lula foi apenas laranja.
Lula é unha e carne com Fernando Collor porque se elle estivesse no bloco do contra, já teria armado barraco há muito tempo. Ou desarmado. Beira Collor faria com Dilma o mesmo que fez com Lula naquele antigo debate na TV Globo, em que desmontou a candidatura de Lula, com um aparelho de som que o metalúrgico curtia, mas que o caçador de marajás não tinha em casa. No mínimo, Collor pediria num desses programa cara a cara, que Dilma mostrasse a sua carteira de trabalho e a relação de empregos públicos que conquistou na base do Q.I. sem necessidade de concurso, nem diploma. A próxima pergunta seria sobre os salários mínimos que ella recebeu nesses últimos cansativos oito anos.
A imprensa em geral trata Adriana, a filha do ministro aposentado José Vilella, assassinado com 73 facadas no ano passado, como se ela estivesse apenas obstruindo e dificultando a ação da Justiça. No programa A Voz do Brasil que conta a História Oficial da pátria, deu ontem que ela havia sido presa como suspeita de envolvimento na morte do próprio pai, com quem tinha sérias pendengas há muitos anos. Vilella era advogado bem sucedido e tinha uma fortuna de causar inveja a qualquer irmã de Caim.
Ontem recebi a visita de um recenseador do IBGE. Entreguei-lhe o ouro: primeiro e último nome; salário, estado civil, quantos banheiros há na casa, quantas pessoas moram comigo e eu com elas. O garoto não me perguntou sobre a escolaridade de ninguém. Eu lhe fiz apenas uma pergunta: - Como é que os seus colegas de trabalho eventual estão se vendo para fazer o censo lá na Rocinha e no Complexo do Alemão? Hiii, alguns já foram até ameaçados de morte; está dificil - disse o menino . E eu mais não quis saber.
E as pessoas que responderam o censo num dia e os deslizamentos soterraram no outro pelos Haitis que pululam pelo Brasil afora?
Continuam morando lá? Elas entram na contagem dos mais de 193 milhões de habitantes que andam por aí? Mais do que isso eu nem quis indagar do garoto que estava cumprindo compenetradamente a sua obrigação.
Aliás, ele é um dos que intregram a legião do enorme boom de empregos com carteira assinada que o governo vem computando permanentemente nos programas gratuitos de propaganda política na TV.
DE GRAÇA
O site Contas Abertas disse e não mandou dizer; mostrou e provou: a propaganda eleitoral gratuita custou R$ 3,2 bilhões em oito anos.
Zé Serra, para dar a volta por cima, deveria deixar o programa gratuito de TV dos tucanos ser apresentado por Roberto Jefferson. E, no contraponto, o vice Índio da Costa. Do jeito que está, Serra chega atrás de Marina, em outubro.
PERDIDINHOS
Os tucanos estão de tal maneira perdidos em estratégia de marketing eleitoral e televisivo que chegaram ao cúmulo agora de pedir ao TSE a redução do tempo de programa para Dilma na TV. É justamente, o contrário do que deveriam fazer. Quanto mais Dilma falar, mas a gente vai conhecê-la.Assim como Lula nunca precisou mais do que o próprio PT para conturbar seu governo; Zé Serra não precisa mais do que os própriops aliados para botar fora uma eleição. Quem tem amigos aassim não precisa de inimigos. Nem Serra, nem Lula. PT, tucanos e demos, são amigos de alto risco para seus respectivos aliados.
Eu vou começar a prestar mais atenção nesse Vovô Maluquinho, o Plínio Sampaio. Ele caba de prometer que vai abolir pedágios e estatizar transportes públicos: "Se o Estado cobrasse o que a iniciativa privada cobra, rodovias teriam brilhantes". Cá pra nós, pedágio terceirizado é, na melhor das hipoetses, confissão de incompetência.
Dilma afirma estar bem de saúde depois de exames em SP. A postulante disse que o ritmo de campanha impõe que ela suba "um Everest por dia". Já que amontanha não vai a Dilma, Dilma vai à montanha.
