Quem há de resistir ao som da cantada que vem em meio aos cinco ou seis uísquinhos de antes:
- Se eu pedir, você me dá?
Ou aguentar sem rir a ronronante e curiosa resposta da gata que incentiva as preliminares pro jogo duro que logo será travado:
- O quê?
- Aquilo, minha anja...
- Aquilo, o quê, meu deus brasileiro?
- Pô, não chia... Dá logo que o tempo avoa!
Reprodução
É de causar frouxos de riso o duelo de lençóis em mais uma noite de alcova republicana. Frouxos de riso em nós, singelos pagadores das contas dos melhores hotéis espalhados pelo mapa-mundi; triste para ela que jamais pensara dar o que deu assim a troco de banana, de cruzeirinhoos marítimos, de horas e horas de música sertaneja, incomodativas até na hora de relaxar e gozar.Incomodada, como a sua avó que não usava Modess, a gata decidiu-se naquele momento que a parte da sua anatomia que fica bem ali, onde as costas perdem o seu digno nome, merecia bem mais que uma em cima da outra, sem tirar.
- Bolas, se o cara é tarado, então também deve gostar de levar por trás - miou de si para si mesma, com aquele seu ar de primeira-dama do governo dos gatos.
E não deu tempo nem pro cigarrinho do depois. Rolou seu gatão sobre a pança, hoje já nem tão proeminente colocando-o numa posição gestosa, como se fosse uma vez mais praticar o coito e...
Apunhalou-o pelas costas!
RODAPÉ - Esta foi mais uma de suas mortes trágicas, por punhalada nas costas. Mas os gatos têm sete vidas. Já ninguém mais chora por eles.