La vie en Rose
Dona Marisa sempre teve um ar assim de tristeza nos olhos. Parecia até que nem mesmo morar no Palácio lhe dava alegria ao olhar, e nem sequer lhe emprestava entusiasmo aos gestos. Sempre pareceu uma mulher entristecida. Até nos bons tempos do Arraiá do Torto.
Nem era tanto pelas Domitilas e marquesas tipo mirians dedurada por Fernandinho Beira-Collor, ou umas que outras terceirizadas que lhe apareciam pela frente; pior até, pelas costas. Sua tristeza era, sabe-se agora, 122 telefonemas inexistentes depois, por que a vida de dona Marisa não era rósea. Havia uma rosa com espinhos no seu jardim da vida.
Eis, no entanto que seu Dom Pedro já lhe disse, antes de encetar nova viagem ao redor do mundo, que não fique triste, pois é tudo uma urdidura, nunca, jamais houve um só telefonema, que é tudo uma farsa, um golpe para derrubá-lo da presidência... Desta feita, presidência de honra do partido, já que da República está aposentado.
Pronto, que a Galega fique calma e serena como sempre foi e mais calada do que nunca... "La vie en Rose" - despediu-se o Garanhão de Garanhuns em francês de aeroporto, já que antes de ir ao Catar e Berlim vai dar um pulinho em Paris para mais uma palestra sobre si mesmo e concretizar um cachê razoável para apresentar ao Leão da Receita quando voltar.
E assim é que tá tudo dominado. "Pero no mucho" - lhe diria o rei da Espanha lá na Europa antes de perguntar-lhe peremptoriamente "porqué no te callas?!?".
Tá tudo dominado, pero no mucho, porque o traidor contumaz de dona Marisa Letícia não tem como explicar as 23 viagens internacionais que Rose com passaporte diplomático e mala imexível fez como carona não-contabilizada nas comitivas do eterno candidato ao Nobel da paz, da ordem e do progresso, quando ainda era presideus da República dos Calamares.
Talvez o ministro da Justiça, para manter-se como tal, consiga com os comandantes e todas as testemunhas oculares das viagens clandestinas da Marquesa do Porto Seguro,o mesmo êxito alcançado com o seu subalterno titular da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo a quem fez passar-se por doido a ser varrido, já que perdeu a memória de um dia para o outro e mais que a memória, as gravações com os 122 telefonemas que agora jamais existiram.
Gravações podem sumir; até aviões podem desaparecer, mas sempre restará uma caixa-preta. C'est la vie... en Rose.