Começa o julgamento do Mensalão, não só o maior escândalo de todos os governos da República, mas o ponto de referência para a divisão definitiva da população do Brasil, um país que é habitado por duas castas: políticos e pessoas.
A decisão que os 11 magistrados tomarão dirá se somos ou não somos todos iguais perante a lei. Os 38 réus e seus defensores - sempre há quem os defenda! - garantem por inspiração de Ali Babá que nunca houve Mensalão. Eles preferem dizer que tudo sempre se tratou de um simples e mísero caso de Caixa-2 que também atende pelo eufemismo cretino de "recursos não-contabilizados".
Se os juizes do Supremo não os condenarem pelo uso e abuso do Caixa-2, então estará formada a jurisprudência mais canalha que já se viu na história dessa República: político pode valer-se do dinheiro emporcalhado do Caixa-2; pessoas, não. Cidadão que usa o Caixa-2 é bandido.
Restará o consolo de que qualquer pessoa poderá bater no peito e exclamar: - Eu não sou político!