Desde que desceu a rampa do Palácio do Planalto que habitou por intermináveis oito anos, Lula se sente assim como se estivesse cursando um estágio para ser vitalício. Pensa que já atingiu a fase de semideus. Pelas suas contas falta pouco para chegar lá.
Uma coisa é mais do que certa: se não trocarem urgente a medicação e o tratamento pós-inflamação na laringe, Lula vai continuar pensando e agindo como se fosse mesmo um divino mestre.
Precisa se dar conta de que ainda lhe faltam certos pendores para ser o grande Arquiteto do Universo. Precisa ter dentro de si mais paz e amor do que arrogância; mais candura que grossura; mais tolerância que vingança; precisa ser mais paciencioso do que rancoroso; mais bondoso que maldoso; muito mais silente que prepotente; mais verdadeiro que mentiroso; precisa ser muito mais sério como Lula do que brincar o tempo todo de Tim Maia...
Alguém, da corrente majoritária ou da falange dos incautos fiéis de palanque, tem que lhe dizer que um semideus já teria sua cadeira na ONU, mesmo se não soubesse falar inglês, nem português; um semideus seria Nobel da Paz, ainda que fosse amigo, irmão e companheiro de Khadafi; um semideus teria a grandeza de não demitir pela TV a presidenta Dilma da sua reeleição em 2014; um semideus seria papa quando quisesse e quando bem lhe desse na telha ser infalível e vitalício...
Caramba, já está mais do que na hora de um desses seguidores de fidelidade canina catequisar Lula e incluí-lo no rebanho daqueles que carregan a fé inabalável no hodierno dogma de que Deus nunca teve câncer.
Façam isso agora, enquanto é tempo. Ou Lula será degredado à triste sina de apenas enriquecer passando conversas megalômanas de 40 minutos por conta do instituto que lhe tomou o nome - um oportuno purgatório, capaz de lavar a alma de um semideus de nosocômio a céu aberto.