A democracia de Lula não permite que se abra qualquer espaço para os que não rezam pelas diversas bíblias do seu governo. Só por isso ele moveu céus, terras e mares para deixar Sarney na presidência do Senado. Os seus tropeiros burros, na ânsia de servir a distância o seu chefe em requifafes com os maiores e melhores ditadores do mundo, lá na Líbia, enfiaram as patinhas de trás na lama: propuseram uma licença de 60 dias para Sarney.
Só Lula percebeu que isso seria dar de mão-beijada dois meses de poder para os tucanos no melhor lugar da Casa do Polvo. Bobagem de Lula. Melhor seria deixar Marconi Perillo assumir a cadeira e desfechar contra ele e o tucanato em geral a maior campanha de divulgação dos quatro inquéritos em que o ex-governador de Goiás responde por formação de quadrilha, corrupção passiva, licitações farudadas e outros crimes corriqueiros na história recente da política brasileira. Seria fácil mostrar que Perillo é um Sarney do baixo clero, cheio de pecados, vivendo no limbo que logo seria purgatório e na medida exata de uma excomungação sem precedentes. (Foto: ABr)
Lula, no entanto, conhece demais seus aloprados para dar chance ao azar. Sabe que eles só precisam de uma oportunidade como esta para meter os pés pelas mãos. Então, entre a cruz e a espada, prefere cuspir no diabo; entre a democracia e a soberania, prefere antes ir à luta do que comer a mulher do rei: que Sarney renuncie, então. E que logo seja posto no lugar do deposto o ultra-leve Marco Maciel, cidadão de fina estampa, ou o tatibitati Garibaldi Alves, digno sorriso Kolinos com flúor. (Fotos: Div/Senado)
Essa saída é regimental. Perillo teria apenas cinco dias para esquentar a cadeira presidencial, antes de convocar eleição para novo regente-geral dessa capitania hereditária com jeito de casa de tolerância como nunca se viu nesse país. Tempo suficiente para ser metralhado pela tropa de choque governista - especialista em demolir opositores. Muito mais do que trabalhar pelo Brasil.