Vejam só: ao ver cair em seu colo a representação do PSDB contra Lula – por pressionar ministros do STF para atrasar o julgamento do Mensalão – o procurador-geral da República tratou de passar a batata quente para a primeira instância. Gurgel alegou que Lula não possui mais o foro privilegiado.
E não possui mesmo; é só um presidente que já era. Um político que só não está desempregado porque tem uma lavanderia que chama de Instituto e um emprego muito bem remunerado de presidente de honra do PT.
O batatão foi parar nas mãos de Valtan Fernandes, da Procuradoria da República no Distrito Federal. O sujeito, em vez de bancar o homem - já que a sua avó não foi - e convocar Lula, o Sacripanta, para se explicar, resolveu repassar o tubérculo pelando para o mesmo Roberto Gurgel.
Justificou sua ousada atitude por escrito, dizendo que precisava ouvir Gilmar Mendes para entender melhor o affair. Jogada. Golpe baixo: Gilmar é um ministro do Supremo e então, somente o Procurador Geral da República pode chegar ao ponto crítico de fazer tão temerária solicitação.
Assim é que o empurra-empurra, voltou para o colo de Gurgel. O procurador procura agora uma saída: ainda não decidiu consigo mesmo se vai dar, ou não, uma estocada em Gilmar Mendes para que, sob sua ínclita e venerável toga fale sobre o enredo de mais um eletrizante episódio dessa novela de capa e espada.