O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

29 de jul. de 2010

In memorian

Daqui a dois dias chega agosto, o mes do desgosto. Há cinco anos, exatos, estourava um escândalo por semana bem no meio de um governo que - como esbravejava Zé Dirceu, o que acabara de levar três bengaladas - "não rouba e não deixa roubar".

Primeira semana de agosto de 2005

Pois, então, corria a primeira semana de agosto de 2005. E o Brasil da Silva ficou sabendo que Marcos Valério - O Calvo, autorizara Roberto Marques - O Bob para Zé Dirceu que o fazia de assessor informal, tipo assim secretário e pau pra toda obra, a retirar R$ 50 mil da conta da agência SMPB.

A ordem para o saque - e a palavra é esta - foi logo transferida para Luiz Carlos Manzano, diligente motorista da Bonus-Banval, corretora tida e havida como lavanderia do PT.

Zé Dirceu que já havia passado a chave da Casa Civil para dona Dilma, sua lépida guerrilheira, bateu pé, reclamou e negou que Bob tivesse recebido autorização para fazer o saque.

Na Polícia Federal, no entanto, Marcos Valério embrulhou Roberto Marques no seu rol de roupa suja. E deixou cair o sabonete: disse que a determinação para o Bob de Dirceu entrar na lista viera de um piadista de salão, Delúbio Soares.

Segunda semana de agosto de 2005

O bengalado - bem galado?!? - Zé Dirceu desce do pedestal que já não era seu e vai ao Conselho de Ética da Câmara.

É lá que outro Bob, O Jeff - que também é conhecido como Roberto Jefferson, o dedurou de vez: disse e não mandou dizer que Dirceu montara com Marcos Valério uma operação Caixa-2 com a Portugal Telecom. O mexe-mexe era para desentortar as dívidas de campanha do PT e do PTB.

Sem mentir, nem deixar mentir, Zé Dirceu disse que jamais tivera qualquer tipo de relação com a tal Portugal Telecom. Dirceu tinha pernas curtas. Em seguida descobriram que Valério e Dirceu estiveram jantando em Portugal, com Miguel Horta e Costa - ninguém mais, nem menos do que o presidente da lusitana empresa de telecomunicações.

Terceira semana de agosto de 2005

Exibido e colorido, o marqueteiro Duda Mendonça admite na CPI dos Correios  que tinha recebido R$ 10 milhões e meio oriundos do Caixa-2, como pagamento de serviços prestados ao PT em 2002 - com respingos na campanha de Lula à Presidência. Duda disse que a grana foi depoositada em contas do exterior, conforme decisão de Marcos Valério.

Aí Lula - O Ínclito, vai aos holofotes da mídia e diz para tudo que é rádio, jornal, revista e emissora de TV que "Onde o PT e o governo erraram, devem desculpas". Disse isso assim com ares de quem tinha levado uma "punhalada nas costas". Mas, ele não se desculpou, apenas bancou o comentarista político.

Como resultado de sua basófia na CPI, Duda Mendonça perdeu as contas de publicidade da Secretaria de Comunicação do governo. Já em dezembro daquele mesmo glorioso 2005, Duda renovou contrato de atendimento publicitário à Petrobras.

Quarta semana de agosto de 2005

Lembra de Rogério Buratti? Ele era assessor de Antonio Palocci na prefeitura de Ribeirão Preto. Pois caguetou o ministro.

Disse que Palocci, quando prefeito de Ribeirão, recebera R$ 50 mil da empresa Leão & Leão - um lixo para o que já tinham varrido para baixo do tapete.

Matou a cobra e mostrou o pau, com o vazamento de gravações mostrando Juscelino Dourado, chefe-de-gabinete do prefeito, agendando encontros de Palocci com empresários.

Palocci negou tudo. Juscelino Dourado perdeu o emprego depois de bater com a língua nos dentes e contar para a CPI dos Bingos que, para atender a um pedido de Buratti, ele havia marcado uma reunião de Palocci com diretores do grupo Somague, de Portugal.

De lá para cá, apenas foi rezada a respectiva Missa de 7° Dia à moda de pompas fúnebres, in memorian de quatro escândalos de um agosto que já está morto e sepultado.